Panorama internacional

Coreia do Norte: o que representa o lançamento do satélite espião Malligyong-1?

Após duas tentativas malsucedidas em maio e agosto, a Coreia do Norte finalmente colocou em órbita seu satélite de reconhecimento militar, Malligyong-1, na última terça-feira (21). Paradoxalmente, apontam especialistas à Sputnik, a escalada da tecnologia militar na região é um "desenvolvimento positivo".
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O lançamento do satélite de reconhecimento foi amplamente criticado pelos governos de Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos, que ressaltaram as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, aprovadas também pela Rússia, que proíbem o país de realizar lançamentos, civis ou militares, que usem a tecnologia de mísseis balísticos.
Em resposta, a Administração Nacional de Tecnologia Aeroespacial da República Popular Democrática da Coreia (RPDC) defendeu o direito legítimo da Coreia do Norte de melhorar as suas capacidades de autodefesa face aos "movimentos militares perigosos dos inimigos".
No entanto, para Andrei Lankov, diretor do Grupo de Risco da Coreia, "paradoxalmente, o aparecimento de satélites de reconhecimento por parte de Pyongyang provavelmente tornará a situação na península coreana mais estável".

"A Coreia do Sul, em parte por conta própria, em parte com auxílio dos americanos, tem uma ideia muito boa do que está acontecendo no norte. A falta de informação operacional e em tempo real por parte da Coreia do Norte sobre o que está acontecendo no sul aumenta significativamente a apreensão em Pyongyang", explicou.

É esperado que Seul também lance seu primeiro satélite de reconhecimento militar, um SpaceX Falcon 9, até o fim do mês, na base aérea de Vandenberg, na Califórnia.
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Satélite Malligyong-1 demonstra novo patamar militar de Pyongyang

"A importância dos sistemas de reconhecimento, incluindo a inteligência espacial, não pode ser subestimada", afirmou à Sputnik Dmitry Stefanovich, do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais, com sede em Moscou, e membro da Academia Russa de Ciências.
"Qualquer país que não tenha a oportunidade de conseguir essas informações, ou que não tenha aliados com tal estrutura em vigor e dispostos a compartilhá-la corre o risco de ser pego de surpresa e, consequentemente, procura obter a infraestrutura. Todo mundo quer ter sua própria infraestrutura especial", acrescentou.
O atual lançamento bem-sucedido do satélite de reconhecimento militar Malligyong-1 pela RPDC "demonstra um novo nível de capacidade militar norte-coreana", enfatizou Stefanovich.

"Eles já demonstraram que possuem bons mísseis balísticos. Agora, aparentemente, eles terão bons foguetes espaciais e a capacidade de controlar satélites em órbita. Eu não chamaria isso de ameaça. Mas, em um sentido global, é claro, a nossa corrida armamentista no espaço também está aquecendo."

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Após o anúncio do lançamento iminente, o porta-aviões norte-americano Carl Vinson chegou ao porto sul-coreano de Busan, na terça-feira, como forma de demonstrar apoio. No entanto, foram justamente essas manobras e demonstrações de força de Washington na península coreana que levaram a República Popular Democrática da Coreia a aumentar suas capacidades de defesa.
Pyongyang vem repetidamente acusando os EUA e seus aliados de exacerbarem as tensões militares na região do Indo-Pacífico, citando exercícios militares em grande escala e o aumento da presença estratégica norte-americana na região.
Organizada pelos Estados Unidos, o presidente estadunidense, Joe Biden, o presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, realizaram uma reunião em Camp David, em agosto, que foi saudada pelos políticos como uma "nova era de cooperação". Em resposta, veículos da Coreia do Norte afirmaram que as forças nucleares dos EUA estacionadas na Coreia do Sul são uma "manobra provocativa intencional para a guerra nuclear".
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