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A hora é agora: relação da Índia com o Brasil está no auge e com crescimento 'exponencial'

© Foto / Divulgação Ministério da Agricultura e Pecuária do BrasilMinistro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, na abertura do Seminário Internacional - Perspectivas e o Futuro da Índia e Brasil, em Nova Délhi, na Índia (novembro de 2023).
Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, na abertura do Seminário Internacional - Perspectivas e o Futuro da Índia e Brasil, em Nova Délhi, na Índia (novembro de 2023). - Sputnik Brasil, 1920, 03.11.2023
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O Brasil está no 'caminho certo' para incrementar as trocas comerciais com a Índia, mas é fundamental romper com a lógica tradicional de fazer negócios e investir na complementariedade, segundo os entrevistados ouvidos pela Sputnik Brasil.
Com o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) agrícola mundial e maior população do planeta, a Índia é o principal parceiro comercial asiático do Brasil, mas representa apenas 2% das exportações brasileiras e 3,3% das importações.
A parceria subaproveitada deve-se sobretudo ao desconhecimento mútuo sobre potenciais setores e produtos que possam incrementar o comércio entre os dois países, de acordo com o economista Fábio Sobral, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), e o presidente da Câmara de Comércio Índia-Brasil (CCIB), Leonardo Ananda Gomes, ouvidos pela Sputnik Brasil.
© Foto / Divulgação Ministério da Agricultura e Pecuária do BrasilO ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro em reunião com o ministro da Pesca, Pecuária e Lácteos da Índia, Parshottam Rupala, e sua equipe ministerial em Nova Delhi. Nov. 2023
O ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro  em reunião com o ministro da Pesca, Pecuária e Lácteos da Índia, Parshottam Rupala, e sua equipe ministerial em Nova Delhi. Nov. 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 03.11.2023
O ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro em reunião com o ministro da Pesca, Pecuária e Lácteos da Índia, Parshottam Rupala, e sua equipe ministerial em Nova Delhi. Nov. 2023
Apesar das dificuldades e obstáculos, o Brasil está no "caminho certo" na busca de aumentar as trocas comerciais com o gigante asiático, para Ananda Gomes.
O empresário participou da delegação do Ministério da Agricultura e Pecuária e de empresários brasileiros que esteve na Índia nesta semana com extensa agenda bilateral.

"Sem dúvida, estamos vivenciando o melhor momento da relação entre os dois países. Os governos estão alinhados, existe uma relação forte, laços de amizade entre as duas nações", opina o presidente da CCIB.

"Temos uma delegação empresarial acompanhando, porque aí sim viabiliza os negócios. Os ministros, os chefes de Estado viabilizam um cenário propício, mas os homens de negócio é que fazem de fato a relação comercial acontecer e a balança se fortalecer."
Ele lembra que nos últimos anos, a relação comercial entre os dois países ultrapassou US$ 15 bilhões (R$ 78,6 bilhões), com crescimento de 106% na exportação de commodities do Brasil para o continente indiano, entre 2022 e 2023, e a perspectiva é que se intensifique ainda mais nos próximos meses.

"É um crescimento exponencial. A previsão é que em pouco tempo, talvez em cinco, seis anos, a gente atinja US$ 100 bilhões (cerca de R$ 500 bilhões) em trocas comerciais, aproximando-se dos números da relação bilateral comercial entre Brasil e China", afirma o empresário.

Segundo ele, o momento atual representa "a pontinha do iceberg" na relação bilateral entre os dois países, não apenas do ponto de vista do comércio, como também na atração de investimentos:

"Os indianos ainda não conhecem o Brasil, não conhecem o potencial brasileiro, os principais setores do país, assim como os brasileiros não conhecem a Índia. Não sabem que é um dos maiores mercados consumidores do mundo, que já é a maior população do mundo, que é o país que mais cresce no mundo há muitos anos e a quinta maior economia do mundo", comenta Ananda Gomes.

O que a Índia importa do Brasil?

Atualmente apenas três produtos (óleo de soja, petróleo bruto e ouro) representaram 80% das exportações para o mercado indiano, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária.
Sobral concorda que o momento é positivo para a parceria bilateral entre as duas nações, mas os resultados serão sentidos no longo prazo e se forem implementadas estratégias inovadoras para responder aos enormes desafios da sociedade indiana e da sociedade brasileira:

"É promissor que haja esse debate, mas ainda é insuficiente, porque busca fazer mais do mesmo, com um olhar unicamente no imediato: na balança comercial do próximo ano, no volume dessa balança comercial e não na qualidade dessa balança comercial, pensando inclusive nos povos", avalia ele.

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O professor da UFC considera que ainda falta inteligência estratégica que permita que os países deem um salto com uma lógica não tradicional, e que tire a economia brasileira do patamar de "mero exportador de commodities, com parceria mais voltada para a agregação de valor industrial".
Para Sobral, o fato de as duas economias ocuparem nichos de mercados muito semelhantes (agricultura, têxtil, calçados, automóveis) exige das duas nações investimentos na diversificação e estudo para que mais oportunidades sejam identificadas e os números correspondam ao potencial dessa relação:

"É preciso aproveitar uma parceria que busque um desenvolvimento estratégico desses dois países. Pensar novas formas além das áreas habituais. Desenvolver, por exemplo, o setor agroflorestal para além do agronegócio da monocultura, do latifúndio, o desenvolvimento de uma nova agricultura."

A parceria conjunta deve priorizar o intercâmbio tecnológico, ressalta o professor, como desenvolvimento de semicondutores, de microchips para os dois países, "áreas em que estão atrasados, embora o setor de informática da Índia estar incomparavelmente mais mais avançado que o do Brasil", argumenta o estudioso.
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Qual a importância da relação entre Brasil e Índia?

O docente da UFC avalia que a atual ausência da Organização das Nações Unidas (ONU), faz com que iniciativas como a iniciativa trilateral entre Índia, Brasil e África do Sul (IBAS) e o bloco dos Brics e do G20 tenham papel fundamental nesse processo de articulação política dos países para se contraporem ao domínio das grandes potências, mas que as iniciativas de integração "ainda estão muito incipientes".
O fato de a Índia ter presidido o G20 neste último ano e estar passando a presidência para o Brasil também foi crucial nesse processo, pois proporcionou encontros bilaterais importantes entre ministros brasileiros e ministros indianos de diversos setores e áreas, assim como encontros dos chefes de Estado.

"O presidente Lula encontrou o primeiro-ministro Narendra Modi inúmeras vezes ao longo desse último ano, em virtude dos encontros proporcionados por esses fóruns G20, BRICS, IBAS, e isso ajuda a fortalecer também a relação bilateral", comenta Ananda Gomes.

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O acordo entre Índia e Mercosul, que está sendo revisado, poderá ampliar ainda mais o número de produtos com preferências tarifárias e contribuir muito para o fortalecimento da relação, segundo os especialistas, priorizando as complementaridades importantes.
As tratativas, que estavam paradas há dez anos, podem dobrar o atual fluxo de comércio brasileiro com os indianos para US$ 30 bilhões (R$ 153 bilhões) até 2030. A soma pode chegar a US$ 50 bilhões (R$ 255 bilhões), se for incluído o comércio de serviços.
Em um levantamento feito pelo governo brasileiro, ficou claro o largo tamanho das barreiras para as exportações de produtos brasileiros que têm a Índia como destino. A tarifa de importação de frango, por exemplo, é de 100%. De carne suína 30%, de milho 50% e de café de 53% a 100%.

"É preciso pensar um sistema de desenvolvimento tecnológico, de ampliação de parques tecnológicos, de centros de pesquisa, integração com as universidades de pesquisa", concluiu o professor da universidade do Ceará.

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