Panorama internacional

EUA esgotam possibilidades financeiras para Ucrânia, e perspectivas para 2024 são incertas

Os EUA esgotaram as possibilidades financeiras de ajuda militar à Ucrânia, e o governo do presidente Joe Biden enfrenta resistências no Congresso ao fornecimento de recursos adicionais. Especialistas ouvidos pela Sputnik apontaram que as perspectivas para 2024 são incertas e vão depender da capacidade de articulação do democrata.
Sputnik
Na última semana, o Departamento de Defesa dos EUA alertou que os fundos para fornecer ajuda à Ucrânia acabam efetivamente amanhã (30). A última ajuda militar anunciada, de US$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhão), foi chamada de pacote final para 2023.
Para o envio de recursos adicionais é necessária uma nova aprovação pelo Congresso, que já rejeitou o pacote solicitado pela Casa Branca para a área de defesa de US$ 106 bilhões (R$ 514 bilhões), sendo mais de US$ 60 bilhões (R$ 291 bilhões) reservados para o governo de Vladimir Zelensky.
Desde fevereiro de 2022, quando foi iniciada a operação militar especial russa na Ucrânia, os EUA já enviaram mais de US$ 100 bilhões (R$ 485 bilhões) em recursos. Muitos dos questionamentos ao contínuo repasse têm como causa as diversas denúncias de corrupção na gestão ucraniana e a falta de transparência dos gastos.
Entre os republicanos, que são maioria na Câmara dos Representantes, esses questionamentos são abundantes, por conta de questões internas. A principal tem a ver com o pedido de mais recursos para a fronteira com o México como contrapartida à aprovação do financiamento ucraniano. Desde o início do ano, quase 3 milhões de migrantes ilegais já cruzaram os limites mexicanos em direção aos EUA.
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Perspectivas são incertas

O consultor político Bryce Green afirmou à Sputnik que "a questão da ajuda à Ucrânia está em um momento estranho".
"A classe política americana, representada por ambos os partidos, em sua maioria apoia a Ucrânia, pelo menos retoricamente, mas os republicanos no Congresso estão atrasando a alocação da maioria dos pacotes de ajuda com base no fato de que desejam mais dinheiro para a militarização adicional da fronteira sul do país", comenta.
Segundo o especialista, embora tal justificativa "possa ser sincera, ela é inoportuna, considerando que a realidade na situação com a Ucrânia mostra que os objetivos iniciais da guerra, resistir à Rússia, são praticamente inatingíveis". Green também destaca "a crescente preocupação sobre como os EUA estão se dividindo entre o apoio à Ucrânia, a escalada com a China e, agora, o conflito na Palestina".
O último, na opinião do ex-conselheiro da Comissão Presidencial Russo-Americana James Carden, é a principal razão para a desaceleração do fornecimento de apoio à Ucrânia. "Não tenho certeza de que isso tenha a ver com política interna; mais provavelmente o fator decisivo é a guerra em Gaza. Se ela se expandir, e isso já aconteceu no mar Vermelho, a Ucrânia simplesmente terá que procurar financiamento em outro lugar", disse. Em sua avaliação, "nada é tão caro para o Congresso quanto Israel".
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O Congresso entrou em recesso e só voltará ao trabalho após o início do novo ano, em 8 de janeiro. Enquanto isso, Bryce Green adverte que, dada a situação atual, "a configuração política em Washington em relação à Ucrânia pode mudar significativamente" com o retorno dos parlamentares.

"No que diz respeito a 2024, à medida que se torna mais evidente que o apoio americano à Ucrânia não trouxe os resultados desejados, isso pode se tornar uma arma ainda mais eficaz que [Donald] Trump ou outros oponentes usarão contra Biden", aponta o analista americano.

Os Estados Unidos e seus aliados europeus buscam outras opções de financiamento para a Ucrânia, incluindo a possibilidade de confiscar ativos russos congelados no valor de US$ 300 bilhões (R$ 1,4 trilhão). A Rússia já afirmou que a medida terá consequências.
Moscou já alertou diversas vezes os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) sobre as entregas de armas à Ucrânia. O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que qualquer carga que contenha armas se tornará um alvo legítimo do país e que a entidade está "brincando com fogo".
Os russos enfatizaram ainda que o fornecimento de armas pelo Ocidente não contribui para o sucesso das negociações russo-ucranianas e terá um efeito negativo. Lavrov também afirmou que os EUA e a OTAN estão envolvidos diretamente no conflito, não apenas fornecendo armas, mas treinando pessoal nos territórios do Reino Unido, da Alemanha, da Itália e de outros países.
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