Operação militar especial russa

'Ouça mais, fale menos': OTAN deve aceitar o fracasso global da diplomacia anti-Rússia, diz analista

Ao formar a sua política externa, os líderes ocidentais agiram como se a Federação da Rússia fosse a antiga União Soviética – um erro catastrófico que alimentou erros estratégicos como o conflito na Ucrânia e impulsionou a russofobia em casa, o que apenas distorce ainda mais a sua visão, disse um especialista à Sputnik.
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Na Polônia, o ressentimento popular contra o armamento da Ucrânia e o prolongamento do conflito com a Rússia manifestaram-se na pressão política dos partidos de direita do país, levando o primeiro-ministro Mateusz Morawiecki a anunciar a suspensão dos envios de armas antes das eleições do próximo mês.
Nos Estados Unidos, os contínuos envios de armas e financiamento para Kiev se tornaram um fator importante na complexa manobra política do Congresso dos EUA. Mesmo a administração Biden, fortemente pró-Ucrânia, que prometeu o seu eterno apoio a Kiev, recuou nos planos de integração da antiga república soviética na aliança da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), sugerindo, em vez disso, um acordo semelhante ao de Israel, com vendas preferenciais de novas armas.
O ex-membro conservador britânico do Parlamento inglês e pesquisador sênior da Academia de Defesa do Reino Unido, Matthew Gordon-Banks, disse à Sputnik nesta quinta-feira (21) que a aposta da OTAN de pressionar sua estratégia para enfraquecer a Rússia se baseou em premissas falsas e, como resultado, fracassou totalmente, alienando grande parte do mundo.
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"Tivemos muitas oportunidades para prevenir conflitos na Ucrânia", disse Gordon-Banks. "Devemos agora, especialmente no Reino Unido, procurar melhorar a nossa diplomacia, melhorar o nosso diálogo e simplesmente 'ouvir mais e dar menos lições'. Uma boa diplomacia exige não apenas a expressão das opiniões e políticas do seu próprio país, mas também a compreensão completa das opiniões e preocupações de outro país e que sejam notadas; e depois que os decisores políticos não os ignorem", afirmou.
"A recusa dos líderes ocidentais, especialmente dos EUA, em acolher uma narrativa alternativa em relação à Ucrânia tem criado mais riscos a cada dia que passa. Suposições falsas ou erradas sobre a razão pela qual a Rússia está fazendo o que está fazendo acarretam um enorme risco de erro de cálculo por parte dos Estados Unidos e dos seus aliados da OTAN. Com bastante frequência, há uma falha na tentativa de compreender e levar em conta como a Rússia e os russos veem as coisas", avaliou o analista.
"A conversa selvagem sobre a guerra com a Rússia, por parte de alguns, não leva em conta que é improvável que a OTAN vença tal conflito", afirmou Gordon-Banks.
Ele observou que, apesar das sanções ocidentais, a economia russa continua "robusta" e que o seu "acesso aparentemente ilimitado" aos recursos naturais, incluindo recursos energéticos e metais de terras raras, vai manter forte a sua posição militar global. Como consequência, a indústria de defesa russa aumentou a produção para níveis "que o Ocidente não consegue igualar", disse ele.
Em contraste, "a Ucrânia depende totalmente do Ocidente para fornecer dinheiro e armas", disse Gordon-Banks, observando que as Forças Armadas russas estavam "infligindo enormes baixas às Forças Armadas da Ucrânia e dizimando infraestruturas críticas para a campanha militar ucraniana”.
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"Muitos dos chamados 'principais formadores de opinião' nunca conheceram um cidadão russo ou chinês, muito menos tiveram uma compreensão real de como veem as coisas", disse o acadêmico. "Isso inclui muitos dos chamados 'especialistas'", afirmou.
"Essa ignorância gera a russofobia e um sentimento de superioridade não fundado na realidade. Pior ainda são aqueles indivíduos e acadêmicos que sabem que mentem diariamente nas suas declarações, mas se sentem incapazes de dizer a verdade", criticou Gordon-Banks.
"A Ucrânia tem sido um fracasso espetacular da política externa dos EUA. Até certo ponto, está tendo um impacto, especialmente com a ascensão dos BRICS, que pode deixar a América de joelhos. Mesmo no lado militar, o tipo de terreno na Ucrânia conduziria sempre a uma guerra baseada na artilharia, com muitos equipamentos incapazes de se mover naquele terreno durante muitos meses do ano. Desde o início, os EUA deveriam saber que não tinham nem os projéteis necessários para abastecer a Ucrânia nem o complexo militar-industrial para os fabricar em quantidade suficiente", garantiu.
"Cada vez que mísseis britânicos ou da OTAN, muitas vezes guiados por pessoal da OTAN, atingem o coração da Rússia, corre-se o risco de retaliação de uma forma que atualmente não faz parte da chamada operação militar especial", observou Gordon-Banks, acrescentando que os russos "acreditam genuinamente que eles enfrentam uma ameaça existencial do Ocidente", vinda especialmente dos Estados Unidos.
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