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Melancia também é política: internautas pró-Palestina improvisam para burlar censura on-line (VÍDEO)

© Foto / Redes sociais / Fundação do Catar Manifestantes mostram cartazes com melancia em prol da causa palestina 23 de julho de 2023, em Jerusalém (Israel)
Manifestantes mostram cartazes com melancia em prol da causa palestina 23 de julho de 2023, em Jerusalém (Israel) - Sputnik Brasil, 1920, 24.11.2023
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Com suas cores vermelho, preto, branco e verde, as mesmas da bandeira da Palestina, a melancia tem sido um símbolo cada vez mais utilizado em marchas pró-Palestina e postagens nas redes sociais para burlar censuras e boicotes.
Há décadas, a fruta é símbolo da causa palestina e tem relação com a proibição do uso de símbolos nacionais palestinos em Gaza e na Cisjordância por parte de Israel, após a guerra árabe-israelense de 1967.
Segundo notícias jornalísticas, como forma de protesto e resistência, fatias de melancia — fruta muito consumida na região — passaram a se proliferar nos territórios ocupados.
A bandeira da Autoridade Nacional Palestina voltou a circular em 1993 após os acordos de Oslo, mas a imagem da suculenta fruta permanece forte como metáfora política da luta palestina e ganhou força nas redes sociais nos últimos meses, no mais recente e sangrento conflito entre Tel Aviv e o movimento Hamas.
O motivo: internautas pró-Palestina estão com medo de ter postagens com distribuição e alcance reduzidas, retiradas do ar, e até perfis bloqueados por criticar Israel ou demonstrar solidariedade aos palestinos.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o comunicador e internacionalista Thiago Ávila contou que teve sua conta do TikTok banida e todos os vídeos publicados sobre a Palestina apagados desde o início do conflito em 7 de outubro.
Logo do Instagram em telefone - Sputnik Brasil, 1920, 26.10.2023
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Contas pró-Palestina desaparecem do Instagram por 'questões de segurança'
"Uma página de mais de 120 mil seguidores, como a minha do TikTok, é de fato uma perda muito grande. Os vídeos lá alcançavam milhões de pessoas, então, de fato, é um boicote que tem um impacto bastante severo."
Ele relata que o boicote alcança desde grandes organizações de solidariedade à Palestina até contas pequenas de pessoas comuns:

"No Instagram [plataforma proibida na Rússia por extremismo], as pessoas não conseguem compartilhar o conteúdo, e todo dia vem um novo tipo de bug, problema técnico, que não permite o compartilhamento do conteúdo", explica. "Já aconteceu de pessoas acordarem de manhã e verem que não estavam mais seguindo a minha página, sem ter marcado para não seguir, de pessoas que não conseguiram compartilhar minhas postagens, mas conseguiram compartilhar qualquer outro conteúdo."

Ele destaca que certos veículos de comunicação sempre tiveram restrições a um conteúdo que não defenda a agenda de Washington, a agenda imperialista. Só que dessa vez se intensificou muito", explicou.
O presidente da Federação Árabe-Palestina do Brasil (Fepal), Ualid Rabah, também relatou à Sputnik Brasil o bloqueio das mídias sociais da entidade pela Meta — cujas atividades são proibidas na Rússia por serem consideradas extremistas —, além de perfis de pessoas ligadas diretamente à comunicação da federação.

"Começou pela retirada do material do ar e a restrição da distribuição apenas para os seguidores. Tivemos muitos vídeos, Reels, que vinham alcançando dezenas de milhares, até centenas de milhares de visualizações, que ou foram removidos ou [cujas] […] visualizações diminuíram absurdamente", informou Rabah.

"O monopólio midiático não suportou a veiculação da verdade pelos canais não monopolizados", acrescentou.
No fim de outubro, o Instagram publicou um pedido de desculpas por adicionar a palavra "terrorista" no perfil de usuários palestinos. De acordo com o The Guardian, a empresa afirmou ter ocorrido um erro na tradução automática.
Um usuário se manifestou nas redes quando percebeu que a combinação das palavras "palestino" em inglês, o emoji da bandeira palestina e a frase "Alhamdulillah" escrita em árabe eram traduzidas automaticamente para o inglês como "Louvado seja Deus, os terroristas palestinos estão lutando por sua liberdade".

"Além de termos que lidar com um aparato cada vez mais estruturado de guerra psicológica e de propaganda de guerra, precisamos lidar com o boicote que dificulta a verdade de atravessar o bloqueio das mídias sociais", lamentou Ávila.

Para burlar a censura ideológica das big techs, usuários têm utilizado a criatividade, desde filtros de melancia, emojis da fruta a postagens collabs (parceria estratégica entre duas ou mais contas).
Nas legendas de vídeos, internautas têm recorrido a emojis de terrier e violino no lugar das palavras "terrorista" e "violência", além do aviso de que a postagem é apenas para fins "educacionais" para enganar os algoritmos censores.
Está sendo compartilhada ainda uma coleção de frases, grafias especiais e palavras de código para evitar que postagens sejam removidas ou suprimidas. No YouTube, usuários bipam ou adicionam sons para disfarçar as narrações.
Entretanto, para Ávila, a única alternativa para romper com o monopólio das grandes empresas de informação e tecnologia é investir em novas plataformas de comunicação, livres da narrativa hegemônica.

"É algo que não vai mudar só porque a gente está reclamando. Nós precisamos promover os veículos que estão trazendo a informação livre e seguir denunciando o que eles estão fazendo de tentar esconder a verdade da gente e trazer uma verdade fabricada, como se fosse de fato o que acontece lá", defendeu o comunicador.

Guerra pode durar mais dois meses

O conflito no Oriente Médio já dura cerca de seis semanas e provocou a morte de mais de 14,8 mil palestinos e cerca de 1,2 mil israelenses. Nesta semana, foi acordado um cessar-fogo — que entrou em vigor nesta sexta-feira (24) — na Faixa de Gaza de quatro dias para a troca de reféns israelenses por presos palestinos.
O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, declarou que, apesar da pausa, os combatentes continuarão a agir no local de "modo intensivo" por pelo menos mais dois meses.
"Esta será uma pequena pausa, após a qual os combates continuarão a agir intensamente e a pressão será criada para devolver mais sequestrados. Esperamos pelo menos mais dois meses de combates", disse Gallant em uma base militar israelense na quinta-feira (23).
Israel declarou guerra ao Hamas no dia 7 de outubro, quando foi alvo de ataques sem precedentes vindos da Faixa de Gaza que conseguiram driblar o sistema de defesa antimísseis.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) então iniciaram uma operação contra o Hamas. Em poucos dias, os militares tomaram o controle de todas as localidades na fronteira com Gaza e começaram a realizar ataques aéreos em alvos, incluindo civis no território do enclave. Além disso, o país anunciou o bloqueio total da Faixa de Gaza, interrompendo o fornecimento de água, alimentos, eletricidade, medicamentos e combustível.
No final de outubro, começou a fase terrestre da operação israelense no enclave. A cidade de Gaza foi cercada por tropas israelenses e o enclave foi efetivamente dividido em partes sul e norte.
Desde o início do conflito, Israel tem sido acusado de cometer inúmeros crimes de guerra contra os palestinos.
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