Panorama internacional

Diplomacia europeia sob risco: Roma alerta que França e Polônia não falam pela OTAN

O envio de tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para a Ucrânia bloquearia quaisquer esforços diplomáticos para acabar com o conflito entre Kiev e Moscou, alertou Roma.
Sputnik
Paris e Varsóvia não têm o direito de falar em nome de todos os membros da OTAN quando se trata do envio de tropas para a Ucrânia, disse o ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, ao jornal La Stampa, em uma entrevista publicada neste domingo (10). Tal medida só levaria a uma escalada e prejudicaria quaisquer potenciais esforços diplomáticos para acabar com as hostilidades entre Kiev e Moscou, acrescentou a autoridade.
O ministro comentava as recentes declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, e do ministro das Relações Exteriores polonês, Radoslaw Sikorski, cada um dos quais cogitou a possibilidade de enviar tropas do bloco liderado pelos EUA para ajudar Kiev.
Na última sexta-feira (8), o principal diplomata polonês afirmou que a operação militar especial da Rússia na Ucrânia exige uma "escalada assimétrica" por parte do Ocidente, acrescentando que "a presença de forças da OTAN na Ucrânia não é impensável". O próprio Macron afirmou repetidamente que manteve as suas observações e disse ainda que Paris "não tem limites ou linhas vermelhas" na questão da assistência a Kiev.

"A França e a Polônia podem falar por si mesmas, [mas] não em nome da OTAN", disse Crosetto sobre os acontecimentos. Ele também afirmou que apresentar tais argumentos agora "não faz sentido". Qualquer potencial envio de tropas da OTAN para a Ucrânia "significa dar um passo no sentido de uma escalada unilateral que bloquearia o caminho para a diplomacia", alertou o ministro.

De acordo com Crosetto, é na diplomacia que os apoiadores ocidentais de Kiev devem se concentrar, uma vez que, de qualquer forma, estão lutando para acompanhar a capacidade de produção militar da Rússia. Moscou está "mais equipada e ágil do que a OTAN" no que diz respeito à produção militar, disse o ministro da Defesa, acrescentando que "o Ocidente descobriu que tem uma capacidade de produção muito inferior à da Rússia".
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O ministro observou particularmente que a OTAN, sediada em Bruxelas, conseguiu aumentar um pouco a sua capacidade de produção de munições em um ano, desde que prometeu fornecer a Kiev um milhão de munições de artilharia, mas que "ainda permanece inferior à russa".
Sob tais circunstâncias, o Ocidente "deve dar todo o apoio possível a Kiev", mas deveria também "pensar em ajudar" a Ucrânia de "outra forma", disse Crosetto, acrescentando que as nações ocidentais deveriam "ativar canais diplomáticos".
Anteriormente, o Papa Francisco apelou a Kiev para "ter a coragem" de iniciar conversações com Moscou para salvar vidas, em vez de permitir que o derramamento de sangue continue. O pontífice disse também que não faltavam nações e atores internacionais, incluindo ele próprio, dispostos a atuar como mediadores nesse sentido.
Moscou afirmou repetidamente que está pronta para conversações com Kiev a qualquer momento, desde que a realidade no terreno seja levada em conta. Kiev se retirou das negociações de Istambul com a Rússia na primavera (Hemisfério Norte) de 2022 e desde então apresentou um "plano de paz" que exige a retirada das tropas russas de todos os territórios que a Ucrânia reivindica como seus antes mesmo de qualquer conversação poder começar. A Rússia rejeitou essas exigências considerando-as "absurdas".
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