Panorama internacional

'Insignificante e simbólica': agências humanitárias criticam ajuda enviada pelos EUA à Faixa de Gaza

Washington enviou, por via aérea, uma remessa de ajuda humanitária ao enclave. Organizações afirmaram que o envio é abaixo do necessário e que os EUA deveriam pressionar Israel para permitir a entrada de comboios por vias terrestres.
Sputnik
Organizações de ajuda humanitária classificaram como ineficaz e simbólico o envio de alimentos lançados por aviões militares de carga dos Estados Unidos, neste sábado (2), à Faixa de Gaza.
A operação foi realizada por aviões C-130 americanos, com assistência da Força Aérea da Jordânia, e consistiu apenas no envio de alimentos ao enclave, sem incluir água.
"O lançamento aéreo de hoje foi bem-sucedido. É um teste importante para mostrar que podemos fazer isso novamente nos próximos dias e semanas com sucesso", disse um alto funcionário do governo dos EUA.
O Comando Central dos EUA afirmou que foram lançadas mais de 38 mil refeições ao longo da costa da Faixa de Gaza, e disse que esta é a primeira de uma série de envios de ajuda humanitária. A escolha pelo lançamento aéreo foi tomada diante do bloqueio israelense ao envio de ajuda humanitária ao enclave por vias terrestres.
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Organizações de ajuda humanitária, no entanto, advertem que a ajuda de Washington é ineficiente e afirmam que se trata apenas de uma medida de relações públicas.
"Os lançamentos aéreos [dos EUA] são simbólicos e concebidos de forma a apaziguar a base doméstica. Na verdade, o que precisa acontecer é mais envios terrestres e mais caminhões entrando todos os dias [no enclave]", afirmou, em entrevista à rede Al Jazeera, Dave Harden, ex-diretor da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês) na Cisjordânia.
"Acho que os Estados Unidos são fracos [no envio de ajuda] e isso é realmente decepcionante para mim. Os EUA têm a capacidade de obrigar Israel a conceder mais ajuda e, ao não o fazer isso, estamos colocando os nossos bens e o nosso povo em risco e potencialmente criando mais caos em Gaza", acrescentou.
A instituição Medical Aid for Palestinians (MAP), sediada no Reino Unido, também criticou a operação de Washington, e afirmou que os EUA deveriam trabalhar para "garantir que Israel abra, imediatamente, todas as vias terrestres para Gaza para passagem de ajuda humanitária".
O diretor da Oxfam, por sua vez, afirmou, em uma postagem publicada nas redes sociais, que as ações da gestão do presidente dos EUA, Joe Biden, são uma tentativa de aplacar a consciência culpada das autoridades americanas.

"Embora os palestinos em Gaza tenham sido empurrados para uma situação de limite absoluto, lançar uma quantidade insignificante e simbólica de ajuda em Gaza, sem nenhum plano para a sua distribuição segura, não ajuda [a solucionar o problema] e é profundamente degradante para os palestinos", disse Scott Paul, em comunicado na rede social X (antigo Twitter).

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