Panorama internacional

ONU acusa Israel de bloquear 'sistematicamente' a ajuda a Gaza

Diante do avanço das operações militares para a região sul da Faixa de Gaza, poupada até então dos ataques, a Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou nesta terça-feira (27) que Israel tem bloqueado "sistematicamente" o acesso da ajuda humanitária ao território.
Sputnik
Com cerca de 2,3 milhões de habitantes, Gaza já vê mais de 90% da população passando fome como reflexo da guerra realizada por Tel Aviv na região. Os caminhões com alimentos, água, remédios e combustíveis só conseguem entrar no território pelo posto de controle na fronteira com o Egito, em Rafah, região onde as Forças de Defesa de Israel (FDI) passaram a concentrar os ataques.
Além disso, o porta-voz da agência humanitária da ONU, Jens Laerke, disse à AFP que é praticamente impossível evacuar doentes e feridos, além de entregar ajuda humanitária na região norte de Gaza, e informou que a missão está cada vez mais complicada também ao sul.
Conforme Laerke, o último comboio que Israel permitiu entrar no território foi no dia 23 de janeiro, há mais de um mês. Mesmo tendo sido autorizados com antecedência, muitos caminhões chegaram a ser bloqueados e, até mesmo, alvos de disparo pelo Exército israelense.
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Paramédicos detidos durante evacuação

O porta-voz da ONU ainda denunciou que, durante a tentativa de evacuar 24 pacientes que estavam sitiados no hospital Al Amal, em Khan Yunis, a ação realizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) juntamente com a Sociedade do Crescente Vermelho Palestino chegou a ser bloqueada por mais de sete horas e inclusive os paramédicos foram detidos.
"Apesar da coordenação prévia de todos os membros da equipe e veículos com o lado israelense, o Exército bloqueou o comboio liderado pela OMS por muitas horas assim que deixou o hospital. Os militares israelenses retiraram pacientes e funcionários das ambulâncias e despiram todos os paramédicos", disse Laerke a jornalistas em Genebra.
Após sofrer pelo menos 40 ataques só no último mês que deixaram 25 pessoas mortas, Laerke disse que outros 30 pacientes foram deixados no Hospital Al Amal. "Três paramédicos do CVS foram subsequentemente detidos, embora seus detalhes pessoais tivessem sido compartilhados com as forças israelenses antecipadamente", declarou.
Os incidentes, segundo o porta-voz da ONU, não são isolados, e as operações do CVS estão suspensas por 48 horas por conta da falta de segurança para as equipes médicas de emergência. "Comboios de ajuda foram alvejados e sistematicamente negados o acesso às pessoas necessitadas, significando que trabalhadores humanitários estão sujeitos a riscos inaceitáveis ​​e evitáveis".
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A guerra na Faixa de Gaza começou no dia 7 de outubro, após um ataque-surpresa do Hamas contra o território israelense deixar cerca de 1,1 mil pessoas mortas. Outras 250 foram sequestradas pelo movimento e 130 permanecem sob cárcere até hoje.
Os ataques de Israel já deixaram quase 30 mil pessoas mortas, a maioria mulheres e crianças, conforme o Ministério da Saúde Palestino.
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