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Israel pressiona fabricantes locais para aquisição de fuzis: 'Medida de precaução se Trump vencer'

É natural que Israel procure renovar o seu complexo militar-industrial, especialmente "em momentos de guerra", disse à Sputnik o professor de governação Mehran Kamrava, da Universidade de Georgetown, no Catar.
Sputnik
O Ministério da Defesa de Israel anunciou planos para comprar "dezenas de milhares" de fuzis de assalto a empresas locais como parte de uma "exigência de renovação" de armas do arsenal militar. O objetivo é substituir os fuzis desgastados no conflito em curso das Forças de Defesa de Israel (FDI) contra o grupo militante palestino Hamas. Estes incluem, entre outros, os fuzis M16 e Tavor TAR-21.
Quanto às armas que pretendem adquirir, está previsto que sejam fuzis de assalto da família AR-15, semelhantes à carabina M4, que deverão ser fabricados pelas empresas israelenses EMTAN Karmiel e Israel Weapon Industries.
Renovar a produção nacional é a forma como Israel está tentando garantir que o seu fornecimento particularmente de armas leves permaneça ininterrupto, disse o professor Mehran Kamrava em entrevista à Sputnik.
"Israel mesmo tem uma indústria de fabricação de armas muito robusta, que não tem sido suficientemente expansiva e extensiva para responder às necessidades do Estado judeu em um contexto de conflito prolongado. E o que podemos estar testemunhando é um aparente esgotamento dos estoques, particularmente de armamento ligeiro. E assim, qualquer país, especialmente em momentos de guerra, tenta renovar o seu próprio complexo militar-industrial. Israel não é exceção", sublinhou Kamrava.
Ele lembrou que Israel tem historicamente dependido dos Estados Unidos no fornecimento de seu armamento e que todas as vendas de armas na América do Norte estão sujeitas à aprovação do Congresso. Israel não quer passar por esse processo, embora tenha um apoio robusto nos EUA, acrescentou Kamrava.
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Neste sentido, o especialista destacou a oposição do Partido Republicano dos EUA ao apoio militar contínuo de Washington à Ucrânia e o fato de a administração Biden "ter tido por vezes um trabalho bastante difícil para conseguir que o seu pedido de armas para a Ucrânia passe através do Congresso".
Kamrava também abordou as lições que Israel poderia aprender com a "cooperação militar" Ucrânia-EUA, especialmente à luz de uma declaração recente do general de brigada aposentado israelense Amir Avivi, presidente e fundador do Fórum de Defesa e Segurança de Israel.
Avivi destacou que a liderança da Defesa israelense admitiu a importância de reduzir a sua dependência de fontes externas de armas face ao ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 ao Estado judeu e ao conflito em curso na Ucrânia.
Kamrava, por sua vez, disse que permanece o fato de que "os republicanos no Congresso dos EUA reagiram e foram capazes de atrasar (mas não bloquear) o financiamento militar para a Ucrânia".
"Além disso, embora seja um amigo próximo de Israel, [o ex-presidente dos EUA] Donald Trump é muito imprevisível em sua política externa. Isto [a decisão de comprar os fuzis de assalto fabricados em Israel] é também uma medida de precaução no caso de Trump ser eleito novamente", concluiu o especialista, referindo-se às eleições presidenciais de 5 de novembro nos EUA.
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