Panorama internacional

Espanha rejeita parar acordo UE-Mercosul e rebate França; Macron defende fiscalização de produção

Premiê espanhol diz que tratativas dizem respeito à Comissão Europeia e que, para Madri, "o Mercosul é chave na relação geopolítica". O líder francês comemora a suspensão do acordo e diz que, mesmo sabendo que Paris não tem poder total de veto, "sempre que mostramos incoerência, somos seguidos".
Sputnik
Nesta quinta-feira (1º) a Cúpula da União Europeia (UE) se reuniu para resolver o impasse na verba destinada à Ucrânia em Bruxelas. Na saída da reunião, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, posicionou-se sobre o acordo do bloco europeu com o Mercosul, que esta semana recebeu o não da França.
Sánchez deixou claro que o processo negociador está "nas mãos da Comissão Europeia", em alusão de que não seria Paris que determinaria a agenda.

"É a comissão que negocia em nome de todos. Para a Espanha, o Mercosul é chave na relação geopolítica", afirmou o premiê citado pela coluna de Jamil Chade no UOL.

O espanhol lembrou que parte do desafio da UE é de se "projetar ao exterior". Ele afirmou que a Espanha defende "criar pontes" com outras regiões. "Lutamos para que o acordo fosse fechado", disse.
Por fim, Sánchez rejeitou a proposta de que, diante dos protestos de agricultores pela Europa, as tratativas com o Mercosul sejam suspensas.
"Não deve haver nenhuma parada", defendeu. Segundo ele, em breve outra sessão entre o Mercosul e a UE deve ocorrer — antes das eleições para o Parlamento europeu em junho.
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Macron comemora suspensão do acordo

Também hoje (1º), o líder francês, Emmanuel Macron, reiterou a posição contrária de Paris à assinatura do pacto de livre-comércio e disse que "vai continuar a se opor". Para o líder, qualquer entendimento precisará criar um acordo "honesto", acrescentando que a França "não precisa de um acordo" para comercializar com os sul-americanos.

"É por esse motivo, pelo estado atual do texto do Mercosul, que a França se opõe e que continuará a se opor a esse acordo de livre-comércio […]. Eu disse há poucas semanas ao presidente Lula e volto a dizer aqui", insistiu.

De acordo com a coluna, Espanha, Alemanha, Portugal e a própria Comissão Europeia são favoráveis ao tratado e, durante o encontro, ficou claro que a França era minoria entre os 27 membros da UE.
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O presidente francês disse ter consciência de que, sozinha, a França não tem poder de veto, mas argumentou que "sempre que mostramos incoerência, somos seguidos".

"Não somos só [nós], os franceses, que vamos decidir, e não podemos bloquear. Faz sete anos que dizemos isso, e cada vez que elevamos nossa voz e que mostramos incoerências somos seguidos. O acordo era para ser assinado, e a caneta foi retirada. Isso por conta de termos sido ouvidos", afirmou.

Macron comemorou o fato de o texto ter sido "suspenso como pedimos" e "que não foi concluído" na velocidade que "alguns ameaçam fazer". O presidente sugeriu, então, que uma forma de avançar a negociação seria a de garantir que os europeus possam fiscalizar a produção agrícola sul-americana.
"A Europa tem o melhor padrão do mundo em matéria de descarbonização, fitossanitário, pesticida. Aplicamos, investimos. Mas, ao lado disso, somos intratáveis na questão da concorrência desleal. Tem que ser honesto", disse.
Macron quer, portanto, que qualquer acordo com o Mercosul permita que os europeus possam controlar como a produção é feita no exterior, para que os produtos sejam aceitos, relata a mídia.
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Por fim, o mandatário alegou que a Europa vive uma crise agrícola há meses, com o impacto do conflito na Ucrânia. Segundo ele, o risco é de que a ausência de resposta gere uma situação na qual grupos "extremistas" ganhem espaço na política.
"Falamos que é terrível que os extremos ganhem força. Mas se a nossa política é incompreensível, precisamos ter a capacidade de explicar. Se não podemos explicar, temos um problema. E o acordo com o Mercosul não é explicável, como está", completou.
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