Panorama internacional

Ucrânia gera incômodo nos EUA e pode aumentar ações de sabotagem contra Rússia, diz mídia americana

Ao longo dos últimos meses, a Rússia tem sido atingida por uma série crescente de sabotagens e assassinatos secretos. Moscou sinalizou que a Ucrânia estava por trás desses acontecimentos, e por vezes Kiev assumiu sua responsabilidade por eles.
Sputnik
De acordo com um artigo da emissora NBC News sobre as sabotagens, o Estado ucraniano enxerga essas ações como uma tática crucial, visto que Kiev enfrenta um impasse no campo de batalha, além da incerteza sobre as perspectivas a longo prazo da ajuda militar do Ocidente.
Segundo autoridades ocidentais, ex-oficiais de inteligência dos Estados Unidos e analistas regionais ouvidos pela mídia, Kiev pode aumentar esse tipo de ação agora, no ano-novo.
No entanto a audaciosa campanha de sabotagem causou desconforto em Washington, especialmente as operações que colocaram civis em perigo e que elevam o risco de fazer Moscou escalar o conflito para além da Ucrânia.
Porém, com a redução dos pacotes de ajuda vindos dos EUA e da Europa, as autoridades em Kiev podem estar menos dispostas a seguir os conselhos dos seus homólogos norte-americanos e europeus, de acordo com Marc Polymeropoulos, antigo oficial de carreira da CIA citado pelo canal.

"Quanto menos ajuda fornecermos, menos influência teremos", disse.

A guerra paralela da Ucrânia por trás das linhas de frente da Rússia é, em parte, um legado da formação e assistência dos EUA e do Reino Unido ao longo da última década, escreve a mídia.
"É a principal entidade que a comunidade de inteligência [dos EUA] treinou durante anos e tornou-se uma força realmente eficaz. Eles são nosso bebê", disse Polymeropoulos.
Nas últimas semanas, foi possível testemunhar ataques com drones atrás das linhas russas, visando locais em Moscou, no sul do país e na Crimeia. Ao mesmo tempo, a Ucrânia tentou perturbar a rede logística russa, visando linhas ferroviárias, estradas, armazéns e depósitos de petróleo com drones e outros métodos nas profundezas do território da Rússia, destaca a mídia.
No mês passado, autoridades russas afirmaram que uma suposta sabotagem causou o descarrilamento de um trem de carga com 19 vagões na região de Ryazan.
Inicialmente silenciosos sobre o possível papel da Ucrânia nos ataques, os funcionários do governo em Kiev têm sido cada vez mais veementes na reivindicação de responsabilidades, diz a mídia. O diretor do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU, na sigla em ucraniano), Vasyl Malyuk, disse publicamente que a sua agência estava por trás de dois ataques de grande repercussão na Ponte da Crimeia.
Além de visar as redes de abastecimento militar russas e os navios de guerra, Kiev tem levado a cabo uma agressiva campanha de assassinatos, a qual tem como alvo autoridades russas e supostos colaboradores, confirmando por vezes que as suas agências de espionagem os mataram.
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Especialistas militares analisam que Kiev se utiliza de sabotagens porque provavelmente não tem mão de obra e recursos para travar um conflito terrestre convencional bem-sucedido contra a Rússia, e terá de confiar em métodos não convencionais para evitar queimar o seu fornecimento de tropas e munições.
Michael Vickers, um dos arquitetos da operação secreta americana que ajudou a expulsar os soviéticos do Afeganistão na década de 1980, disse à mídia que as campanhas de sabotagem mais eficazes exigem um esforço maciço e sustentado e muitas vezes reforçam as operações militares convencionais, mas que tais ações "não são decisivas".
Enquanto isso, a campanha militar russa no conflito segue em frente. Na quinta-feira (21), as Forças Armadas russas destruíram vários sistemas de artilharia fabricados nos EUA e no Reino Unido em 129 áreas da operação militar especial, informou o serviço de imprensa do Ministério da Defesa russo, conforme noticiado.
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