Panorama internacional

UE explora financiamento de emergência para a Ucrânia fora do orçamento do bloco, diz mídia

As propostas técnicas em discussão privada poderiam contornar a ameaça húngara de vetar um pacote financeiro crítico para Kiev.
Sputnik
De acordo com o Financial Times (FT), os diplomatas da União Europeia (UE) estão discutindo propostas técnicas para angariar fundos de emergência para a Ucrânia fora do orçamento partilhado do bloco, já que a Hungria prometeu que não cederia à pressão para retirar o seu veto a um pacote de apoio crítico para Kiev.
O primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, disse que bloquearia a tentativa de Bruxelas de fornecer uma ajuda financeira crítica de € 50 bilhões (cerca de R$ 266,5 bilhões) à Ucrânia e aprovaria conversações formais sobre a adesão do país à UE em uma cúpula de líderes na próxima quinta-feira (14).
O fracasso da UE em chegar a um acordo sobre o pacote de financiamento proposto afetaria gravemente a estabilidade financeira da Ucrânia, afirmam autoridades ucranianas e europeias. Os responsáveis da UE estão a trabalhar em possíveis soluções para derrubar o bloqueio da Hungria ao pacote, que exige unanimidade, incluindo a liberação de fundos do bloco destinados a Budapeste atualmente congelados.
Com o tempo se esgotando antes do início da cúpula, os diplomatas também iniciaram conversações privadas sobre a viabilidade e os detalhes técnicos do potencial pacote financeiro emergencial entre os outros 26 membros, de acordo com fontes ao FT.
Ainda segundo a apuração, um instrumento extraorçamentário levaria mais tempo e custaria mais dinheiro em juros e outros custos ao bloco europeu.
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O ministro da UE de Orbán, János Bóka, disse ao FT que a Hungria insistia que qualquer ajuda à Ucrânia não poderia ser proveniente do orçamento conjunto da UE e que uma decisão sobre as conversações de adesão deveria esperar até as eleições para o Parlamento Europeu, em junho.
A vice-primeira-ministra da Ucrânia, Olga Stefanishina, disse na segunda-feira (11) que a Ucrânia não recebeu garantias de que os € 50 bilhões seriam fornecidos de uma forma ou de outra e que qualquer alternativa desafiaria a estabilidade do país. Segundo ela, a incapacidade de se chegar a um acordo sobre o pacote de apoio e de abrir negociações de adesão seria vista por Kiev como "um fracasso de toda a UE".
A Comissão Europeia deve dar aprovação em princípio ao descongelamento de mais de € 10 bilhões (cerca de R$ 53,2 bilhões) em fundos do orçamento da UE para a Hungria que foram retidos ante as preocupações de corrupção com o governo de Orbán. Mas, de acordo com Bóka, qualquer ligação formal ou informal entre as duas questões "representaria chantagem política não da Hungria, mas contra a Hungria, o que rejeitamos", afirmou o ministro.
Orbán se opôs a ajudar os esforços da Ucrânia em sua guerra por procuração contra a Rússia, argumentando que mais dinheiro não se traduziu em melhorias nas posições ucranianas no campo de batalha. Um conflito prolongado condena tanto Kiev como os interesses de longo prazo da Europa, disse ele, custando vidas e oportunidades econômicas.
A perspectiva de adesão da Ucrânia ao bloco europeu é ainda mais controversa, de acordo com Bóka, que disse que "um terço dos Estados-membros da UE nutre reservas muito sérias sobre isto".
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