Panorama internacional

O norte é o Sul Global: parceria das Marinhas do Brasil e da China ajudaria a 'estabilidade mundial'

Desde a Segunda Guerra Mundial, as associações militares brasileiras, em especial a da Marinha, possuem um estreitamento com os Estados Unidos. Os relacionamentos militares feitos pelas Forças Armadas do país são condicionados por essa cessão "privilegiada" que o Brasil dá aos Estados Unidos.
Sputnik
A China tem se dedicado a um processo de fortalecimento e modernização das suas Forças Armadas nos últimos anos, com destaque na expansão de sua Marinha. Até dezembro de 2022, a frota naval chinesa ultrapassou a dos Estados Unidos em números totais, com 370 navios contra 291.
Contudo, os Estados Unidos ainda mantêm a primazia em termos de navios de combate de superfície, com 122 unidades contra 92 da China, refletindo a ênfase americana na prontidão e no poderio naval.
Para entender como melhor se relacionam as Marinhas do Brasil e da China e por quais motivos a ligação não é fortalecida, a Sputnik Brasil procurou especialistas no assunto.
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Qual a relação entre Brasil e China?

O professor de economia internacional da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e pesquisador das relações Brasil-China Marcos Cordeiro destacou a importância de compreender o posicionamento geopolítico do Brasil e suas relações estratégicas antes de abordar a cooperação naval com a China.
Ele ressaltou a histórica proximidade entre a Marinha brasileira e os Estados Unidos desde a Segunda Guerra Mundial, o que influencia significativamente os laços militares do país sul-americano.
Além das questões políticas, o professor também enfatizou o desafio geográfico. "A distância considerável entre o Brasil, focado no Atlântico Sul, e a China, com interesses no Pacífico Oriental, cria uma barreira adicional para aprofundar a cooperação naval", pontua.
Mesmo diante desses obstáculos, segundo Cordeiro, a cooperação entre Brasil e China é desejável em diversos aspectos.

"Ambos os países compartilham responsabilidades globais no G20 e no grupo do BRICS, além de colaborarem em organizações internacionais como a ONU [Organização das Nações Unidas]. Uma parceria mais estreita entre as duas Marinhas poderia não apenas fortalecer laços militares, mas também contribuir para a estabilidade mundial", sublinha à Sputnik Brasil.

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Cordeiro apontou que, para uma cooperação mais intensa do Brasil com a China, seria necessário superar os constrangimentos derivados dos acordos militares já estabelecidos com os Estados Unidos.

"Para além de questões relacionadas ao interesse e à colaboração entre os governos do Brasil e da China, há certa tradição militar brasileira de alinhamento com os Estados Unidos, e isso cria algum tipo de constrangimento para um aprofundamento maior entre Brasil e China em questões militares", reforça.

Apesar dos entraves, segundo o especialista, há potencial para uma colaboração "mutuamente benéfica" entre as duas nações em diversos âmbitos, indo além das limitações impostas por alianças preexistentes.

Qual é a Marinha mais poderosa do mundo?

Nas últimas décadas, a China vem garantindo um grande desenvolvimento de suas forças militares e, atualmente, ocupa a segunda colocação no mundo.
O país tem uma frota com 425 unidades em seu inventário ativo, sendo três porta-aviões, 72 submarinos, 48 contratorpedeiros, 71 corvetas, 44 fragatas, 49 navios de guerra, 127 navios de patrulha e 11 navios de assalto anfíbio.
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No contexto submarino, a China apresenta seis submarinos de ataque nuclear.
A China ainda conta com uma frota de 56 submarinos de ataque a diesel, uma categoria na qual os Estados Unidos não mantêm ativos, demonstrando uma estratégia naval chinesa que ainda busca diversificar suas capacidades.
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