Máquina de combate mais cruel: sistema de defesa aérea Pantsir, da Rússia, recebe atualizações

Os fabricantes dos sistemas russos autopropulsados combinados de mísseis terra-ar e artilharia antiaérea Pantsir (Carapaça) concluíram a entrega da ordem de defesa de 2023 antes do previsto e os equiparam com um número de atualizações. A Sputnik explica o que são eles.
Sputnik
A fabricante de sistemas de defesa aérea High Precision Systems concluiu a entrega de um número não revelado de plataformas móveis de defesa aérea Pantsir aos militares russos.
A empresa tem trabalhado horas extras para aumentar os suprimentos e fornecer às tropas as ferramentas necessárias de cobertura aérea contra ataques de drones ucranianos e mísseis balísticos e de cruzeiro.
A Rostec, controladora da High Precision Systems, disse em comunicado na terça-feira (5) que o novo Pantsir difere do modelo básico, com modificações baseadas na experiência adquirida pelas tropas de defesa aérea que atuam na operação militar especial na Ucrânia.

"Melhorias foram introduzidas no complexo para aumentar a eficiência de seu trabalho contra veículos aéreos não tripulados [VANT], projéteis complexos e mísseis de longo alcance. Os resultados do uso do sistema em combate mostraram a correção das decisões de projeto tomadas anteriormente", afirmou a empresa.

A Rostec não entrou em detalhes sobre a natureza das melhorias. Mas com base em experiências e relatórios anteriores, a Sputnik tem algumas ideias sobre as atualizações das quais a empresa pode estar falando.

O que é Pantsir?

O Pantsir é um sistema de defesa aérea único com capacidade de disparar projéteis antimísseis de médio alcance com canhões antiaéreos duplos calibre 30 mm. Os primeiros podem atingir mísseis inimigos entre 1,2 km e 20 km de distância, enquanto os últimos têm alcance máximo de tiro de até 4 km.
As origens do design do Pantsir também remontam ao período soviético, embora o trabalho de desenvolvimento só tenha sido concluído em meados da década de 1990 — no auge da crise econômica pós-soviética da Rússia e dos cortes orçamentários relacionados com a defesa. O sistema definhou por mais de uma década e meia antes de entrar em serviço, em 2012. Em 2015, foi introduzida uma atualização conhecida como Pantsir-S2, apresentando mísseis de longo alcance (capazes de atingir alvos inimigos a até 30 km de distância), e um radar aprimorado (melhorando o alcance de detecção de 36 km para 40 km e além) foi colocado em campo.
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Existem muitas outras variantes, incluindo o Pantsir-SA, revelado em 2020 e projetado para operar em condições árticas, e o Pantsir-SM, que apresenta uma estação de radar aprimorada que aumenta o alcance de mira do sistema para 40 km e seu alcance de detecção para até 75 km.
Os veículos Pantsir destinam-se a complementar um sistema denso e multicamadas de defesa aérea e antimísseis que inclui outras plataformas de curto alcance, como o canhão antiaéreo ZSU-23-4 Shilka, sistemas baseados em mísseis de longo alcance, como o S-300 e o S-400, e ferramentas de guerra eletrônica, como o Polye-21.
O Pantsir está em serviço na Força Aeroespacial da Rússia, na Marinha e nas tropas de defesa aérea e de mísseis, e também foi exportado extensivamente para países como Argélia, Iraque, Irã, Emirados Árabes Unidos, Omã, Sérvia, Síria e Etiópia.
O sistema tem sido usado em conflitos que vão desde o sírio, durante o qual foram implantados para ajudar a defender o país contra drones terroristas e agressões lançadas por Israel, Estados Unidos, França e Reino Unido, até o líbio, em que são operados pelo Exército Nacional Líbio.

Que modificações do Pantsir já conhecemos?

A utilização dos Pantsir na Ucrânia oferece pistas importantes sobre os tipos de atualizações que se podem esperar nos sistemas recentemente construídos que estão sendo implementados pela High Precision Systems.
Neste verão (do Hemisfério Norte), a Sputnik informou sobre o uso bem-sucedido dos Pantsir contra foguetes Himars e mísseis de cruzeiro Storm Shadow de baixa visibilidade, graças à engenharia reversa bem-sucedida das armas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), da qual se valeram os engenheiros russos para descobrir as frequências de seus sistemas de controle, aos novos termovisores e ao software atualizado instalados nos modelos Pantsir existentes.

"O sistema de mísseis Pantsir-S1 é uma plataforma móvel que fornece defesa aérea pontual", disse Brian Berletic, ex-fuzileiro naval dos EUA e escritor geopolítico, à Sputnik em uma entrevista recente. "Ao longo dos conflitos recentes, vimos interceptar uma série de munições, desde drones e mísseis de cruzeiro a mísseis balísticos e até foguetes guiados Himars. É uma prova das capacidades da defesa aérea russa, reconhecida até pelos analistas ocidentais como a melhor do mundo."

Com os Pantsir adotados com sucesso para destruir virtualmente quaisquer ameaças aéreas que a Ucrânia e os seus patrocinadores da OTAN possam lançar, o principal objetivo dos fabricantes de armas russos agora vai ser construir um número suficiente deles para estabelecer uma "carapaça" de defesa aérea verdadeiramente impenetrável, que cubra tanto as forças russas nas linhas de frente como os assentamentos civis no interior — um alvo favorito dos militares da Ucrânia não apenas desde fevereiro de 2022, mas desde que Kiev iniciou a sua operação punitiva em Donbass na primavera (do Hemisfério Norte) de 2014.
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