Neste sábado (4), o Brasil ficou de fora da 4ª lista de estrangeiros que foram autorizados a deixar a Faixa de Gaza. A demora está criando um clima de angustia e apreensão, visto que os bombardeios israelenses não param e a região se torna cada vez mais hostil. Há 34 brasileiros aguardando a liberação.
Devido à gravidade da situação, o assessor especial da presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, fez uma ligação para o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, segundo o jornal O Globo.
No telefonema, Amorim expressou a "inquietação pela não inclusão do Brasil" na lista e enfatizou que Brasília "não está entendendo por que o Brasil ainda não teve seus cidadãos incluídos nas listas".
Segundo a fonte que confirmou o telefonema à mídia, Amorim comentou com Sullivan que o governo brasileiro acha estranho que o país, um dos primeiros a iniciar ações para retirar seus cidadãos da região, ainda não tenha recebido luz verde.
O assessor internacional do presiente Luiz Inácio Lula da Silva alertou ao conselheiro sobre a possibilidade de o grupo de 34 brasileiros, divididos entre as cidades de Rafah e Khan Younes, ser alvo de ataques. Um eventual incidente envolvendo o grupo de brasileiros teria enorme efeito negativo, frisou o ex-chanceler ao conselheiro de Joe Biden.
Amorim pediu a Sullivan que informasse a Israel sobre a preocupação do Brasil, e a resposta de Sullivan foi de que faria o possível para que o recado chegasse ao governo de Benjamin Netanyahu.
Também hoje (4), a Embaixada de Israel em Brasília divulgou uma nota responsabilizando o Hamas pela demora em incorporar o grupo na lista de autorizados, entretanto, a nota não explica a demora na inclusão dos brasileiros, diz o jornal.
A demora na autorização demonstra que há um claro jogo de empurra entre os governos israelense e egípcio. Essa é a avaliação de interlocutores do governo envolvidos nas negociações, principalmente aqueles ligados à área diplomática, sublinha a mídia.
As sinalizações são confusas e, diante das pressões de aliados como os Estados Unidos e a União Europeia, Israel e Egito tentam se eximir da responsabilidade de elaborar listas mais justas, que contemplem um volume com maior diversidade de estrangeiros.
O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, já falou com seu homólogo egípcio, Sameh Shoukry, cinco vezes, e três vezes com chanceler o israelense, Eli Cohen.
Na última segunda-feira (30), quando ainda estava em Nova York, Vieira falou ao telefone com o primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Catar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, e com o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken.
Até o momento, 1.446 pessoas foram repatriadas pelo Brasil através de aviões da FAB e da presidência da República enviados para a região.