Panorama internacional

Bolívia inaugura 2ª etapa do centro de pesquisa nuclear mais alto do mundo, com apoio da Rosatom

A Bolívia inaugurou nesta quarta-feira (25) parte da estrutura nuclear mais alta do mundo: o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia Nuclear (CIDTN), em El Alto, a uma altitude de 4 mil metros acima do nível do mar. Na cerimônia ainda foi dada a largada para a construção do recipiente do primeiro reator de pesquisa nuclear no país.
Sputnik
O projeto é da empresa estatal russa Rosatom, a maior do mundo no segmento. Além do presidente da Bolívia, Luis Arce, o evento teve a participação por videoconferência do diretor-geral da Rosatom, Aleksei Likhachev. O novo complexo de reatores, que tem equipamentos de fabricação russa, vai permitir que o país realize pesquisas científicas na área nuclear, com o desenvolvimento de setores cruciais para a economia boliviana, como a indústria de lítio — a Bolívia tem a maior reserva do metal no mundo, que representa 21% do total.
Arce destacou também a importância do centro para a agropecuária e as exportações bolivianas, o que vai ajudar a alcançar os padrões exigidos nos mercados internacionais. "Um centro de irradiação não seria possível sem a cooperação que tivemos com nosso país irmão, a Rússia, e neste caso a empresa Rosatom, que está nos ajudando", acrescentou o presidente.
Já Aleksei Likhachev pontuou que a instalação do reator de pesquisa em El Alto — segunda maior cidade da Bolívia, com quase 1 milhão de habitantes, é a metrópole mais alta do mundo — é um recorde para toda a indústria nuclear global.
"Isso foi possível graças à cooperação bem-sucedida com nossos parceiros bolivianos, além, claro, das soluções únicas de design e engenharia implementadas pela Rosatom", disse o diretor-geral.
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O dirigente russo lembrou ainda da importância da operação comercial do Centro de Irradiação Multiuso da estrutura.
"Estamos muito felizes que a Bolívia, com o apoio da Federação da Rússia, tenha introduzido com sucesso tecnologias nucleares avançadas nos setores socialmente significativos da sua economia", afirmou.
O projeto do CIDTN, além de um reator de pesquisa nuclear laboratorial e do Centro Multiuso de Irradiação, inclui os complexos para a produção de radiofármacos (usados para diagnóstico ou tratamento de doenças) e de radiobiologia (área da ciência que estuda os efeitos biológicos da radiação ionizante). A expectativa é que todas as unidades estejam prontas até 2025.

Cooperação russa com a América Latina

A construção do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia Nuclear da Bolívia é um dos projetos mais importantes da cooperação entre a Rússia e os países da América Latina na área tecnológica. O contrato com a Rosatom foi assinado em 2017 pela Agência Boliviana de Energia Nuclear.
Já foi concluída a implantação da primeira e da segunda etapas do projeto: a construção do Complexo Ciclotron-Radiofarmácia e do Centro Multiuso de Irradiação. Paralelamente, continuam as obras de construção e instalação da terceira e da quarta etapas do centro, que incluem o complexo do reator e os edifícios dos laboratórios.
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A proposta é oferecer uma série de soluções de alta tecnologia a diversos setores da economia, incluindo diagnóstico e tratamento do câncer; processamento de produtos agrícolas para garantir a segurança alimentar; esterilização de produtos médicos; pesquisas na área de ecologia e uso racional dos recursos naturais; estudo das propriedades de diversos materiais; e formação de especialistas da indústria nuclear na Bolívia.
Apesar das sanções internacionais, a implementação de grandes projetos energéticos russos com parceiros estrangeiros continua a todo vapor. A expectativa é que só a Rosatom tenha participação em cerca de 40% da infraestrutura mundial de produção de energia nuclear, com investimentos na construção de novas plantas em países como França e Índia.
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