Panorama internacional

Oposição venezuelana busca nas primárias candidato capaz de reunir 'forças dispersas', diz analista

Os partidos de oposição ao governo do presidente Nicolás Maduro disputam no próximo domingo (22) as eleições primárias para o pleito do próximo ano. No país, o chefe do Executivo tem um mandato de seis anos. O grupo opositor, que reúne diversos partidos, quer agregar forças políticas para ter um candidato competitivo.
Sputnik
O analista internacional e especialista em comunicações Orlando Romero comentou a situação em entrevista à Sputnik.

"Acredito que o cenário eleitoral para as primárias […] tentará ter um candidato ou uma pessoa que, mais ou menos, seja capaz de reunir as forças dispersas da oposição em uma disputa eleitoral concorrida", enfatiza.

A garantia do processo eleitoral à oposição foi o motivo de os Estados Unidos terem retirado sanções contra o petróleo, o gás e o ouro da Venezuela. Os embargos a Caracas estavam em vigor desde 2019.
Além disso, Washington pediu em troca do fim das sanções a liberação de presos políticos e que caia a proibição à candidatura de políticos.
Para garantir que o governo Maduro honre os compromissos assumidos, as transações com empresas venezuelanas de petróleo e gás serão autorizadas por seis meses, com a possibilidade de renovação.

Mais de 21 milhões de eleitores

Conforme o governo venezuelano, a Comissão Nacional Primária (CNP), que organiza o processo eleitoral, informou que serão mais de 3 mil centros de votação espalhados em 331 dos 335 municípios do país. Ao todo, podem votar 21 milhões de pessoas.
A candidata da oposição favorita no pleito, María Machado, foi tornada inelegível por 15 anos pela Corregedoria-Geral da Venezuela por conta de irregularidades administrativas na época em que era deputada, entre 2011 e 2014. Além disso, a Justiça local diz que Machado apoiou as sanções americanas contra o próprio país.
Inicialmente estavam inscritas nas primárias 13 candidaturas, porém apenas 9 vão poder participar. Além de María Machado, deixaram a disputa Roberto Enríquez, Henrique Capriles e Freddy Superlano.
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Brasil será testemunha de acordo entre Venezuela e oposição e articula com EUA alívio de sanções

Lula comemora fim das restrições

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, comemorou o anúncio do fim das sanções americanas ao país após mais de quatro anos.
Para Lula, a questão prejudica a população venezuelana e contribui para desestabilizar toda a região.
"Recebi com satisfação a notícia de que o governo dos EUA retirou sanções contra Venezuela depois que o governo e a oposição venezuelana assinaram um acordo para eleições justas no ano que vem", disse no X, antigo Twitter.
De acordo com Lula, a medida vai ajudar a normalizar a política do país. "Sanções unilaterais prejudicam a população dos países afetados e dificultam processos de mediação e resolução de conflitos", acrescentou.
Panorama internacional
Interesse no petróleo muda 'momentaneamente' desejo dos EUA de derrubar Maduro, diz analista

Para especialista, interesse é 'momentâneo'

Em entrevista à Sputnik Brasil no início do mês, o professor de relações internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC) e coordenador do Observatório da Política Externa Brasileira, Gilberto Maringoni, disse que a estratégia americana para derrubar o governo de Maduro mudou 'pelo menos momentaneamente'. Isso por conta do interesse no petróleo venezuelano, principalmente depois das sanções contra a Rússia.

"Washington não conseguiu derrubar Maduro por uma variável que eles não calculavam. Com todos os problemas, Maduro tem, de fato, apoio interno significativo. Não é só um apoio popular", disse.

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