Panorama internacional

Água de Fukushima: especialista alerta para risco de câncer a partir de pequenos vestígios de trítio

O Japão começou a descarregar águas residuais radioativas, misturadas com trítio, da usina nuclear de Fukushima no final de agosto, com todos os vizinhos do país, mais o México e países da América Latina, expressando preocupação com o movimento. Contudo, as autoridades japonesas garantiram que o procedimento é seguro.
Sputnik
Sabe-se que mesmo a presença de uma baixa concentração de trítio — uma substância radioativa — na água aumenta o risco de câncer em mais de 500%, disse à Sputnik o oceanógrafo da Universidade Estadual de Moscou, Sergei Mukhametov.
Os cientistas ainda não determinaram os efeitos a longo prazo dos vestígios do isótopo derivado do hidrogênio presente na água de resfriamento filtrada despejada da usina nuclear de Fukushima, acrescentou o especialista.
Segundo ele, a conclusão foi feita pelos cientistas norte-americanos David Kocher e Owen Hoffman, do Centro Oak Ridge para Análise de Risco. A sua investigação apresentou uma avaliação dos riscos de incidência de câncer ao longo da vida associados ao padrão de água potável para o trítio estabelecido pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (USEPA, na sigla em inglês).
Na América, este padrão é um "nível máximo de contaminante [MCL] médio anual de 740 becquerels por litro".
Os resultados do seu estudo revelaram que o risco médio de câncer de pele para ambos os sexos ao ingerir trítio na água potável ao longo de uma expectativa média de vida (80 anos para mulheres e 75 para homens) é de 0,0003%.
Ao mesmo tempo, o risco de câncer ao longo da vida com o consumo diário de dois litros de água potável durante uma expectativa média de vida, excluindo o trítio e os casos de câncer de pele, é de 0,000056%. Assim, o risco neste caso aumenta mais de cinco vezes.
Panorama internacional
Embaixador dos EUA no Japão visita Fukushima e espera apoio americano na disputa de frutos do mar
Anteriormente, a Tokyo Electric Power Company (TEPCO), operadora da danificada usina nuclear de Fukushima Daiichi (Fukushima-1), detectou trítio na água do mar ao largo da costa nordeste do porto nas proximidades da instalação. Esta foi a primeira detecção de trítio desde o início da liberação de água radioativa tratada de baixo teor. De acordo com a TEPCO, a água do mar ao redor da planta tem níveis de trítio abaixo de dez becquerels por litro, bem abaixo do limite estabelecido de 700 becquerels pela empresa e do limite recomendado de água potável segura da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 10.000 becquerels.
No final de agosto, o operador japonês da usina nuclear de Fukushima anunciou que estava pondo em prática o seu plano para libertar no oceano Pacífico mais de um milhão de toneladas métricas de águas residuais radioativas tratadas e altamente diluídas da usina danificada. Tóquio argumentou que a água tratada precisava ser descartada, pois era urgente liberar espaço nas instalações de Fukushima.
Embora inicialmente Tóquio planejasse começar a descarregar água purificada de todos os isótopos radioativos, exceto trítio, no oceano a 0,6 milha da estação nesta primavera (Hemisfério Norte), o prazo foi adiado para o verão de 2023 devido a condições climáticas adversas e outros fatores. A previsão é que todo o processo leve até 30 anos.
A decisão do Japão de descarregar água tratada contaminada com energia nuclear no Pacífico suscitou objeções veementes por parte da população local, da comunidade internacional, bem como da China, da Coreia do Sul e de outros vizinhos da região, que temem a contaminação radioativa. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) argumentou que as águas residuais tratadas vão ter um impacto radiológico insignificante nas pessoas e no ambiente.
Comentar