Panorama internacional

Economia em queda: investidores estão pessimistas com recuperação da Europa, diz mídia

Enquanto o mercado aposta em um "pouso suave" para a economia norte-americana, movimentos recentes mostraram divergência entre os investidores que esperam queda mais vertiginosa na Europa.
Sputnik
De acordo com especialistas ouvidos pelo Financial Times (FT), os investidores estão apostando cada vez mais que a Europa vai afundar em uma recessão econômica dolorosa contrastando com as apostas do mercado.
O euro caiu em relação ao dólar nas últimas duas semanas, enquanto a surpreendente ascensão das ações europeias estagnou neste ano, e os títulos do governo alemão — a retirada preferida dos investidores em tempos de estresse — estão subindo de preço.
Com a queda dos indicadores de performance econômica da zona do euro, a confiança dos gestores de fundos tem enfraquecido na medida em que os custos com empréstimos sobem.
"Vimos muitos aumentos nas taxas de juros nos Estados Unidos, mas a demanda e o crescimento são fortes", disse o gerente de portfólio da Fidelity International, Ario Emami Nejad, ao FT.
Para o especialista, a dinâmica de crescimento europeia é fraca e o Banco Central Europeu cometeu erros de trajetória na tentativa de remediar as coisas, como por exemplo, a elevação dos custos dos empréstimos.
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Segundo dados oficiais da semana passada, a economia dos EUA cresceu a uma taxa anualizada de 2,4% no segundo trimestre, bem acima do que os economistas previam, com queda no indicador de inflação da Reserva Federal dos EUA (Fed) indicando que, em breve, o ciclo de aumento de taxa de juros pode chegar ao fim. Comparativamente, a Europa está à beira da recessão, com inflação recorde de 5,6% em julho no setor de serviços.
Analistas disseram que os aumentos das taxas de juros tiveram menos sucesso em reduzir a inflação na Europa do que nos Estados Unidos, porque uma proporção maior da inflação foi causada pelos danos infligidos pelas sanções ocidentais à Rússia por sua operação militar especial na Ucrânia que afetou o abastecimento de alimentos e energia.
No primeiro semestre deste ano, os mercados acionários europeus foram um sucesso surpreendente, confundindo a expectativa quase universal de quedas dos analistas. Entretanto, no segundo semestre, os ganhos anteriores foram revertidos a uma tendência decepcionante.
O quadro de que a alta no mercado de capitais norte-americano é maior que em outras partes do mundo é semelhante em outros setores do mercado financeiro. O euro caiu 2,6% em relação ao dólar desde meados de julho e, nos títulos do governo, a diferença entre os custos dos empréstimos de dez anos dos EUA e os da Alemanha — a maior economia da Europa — aumentou para seu nível mais alto neste ano.
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O spread bancário — a diferença percentual entre a taxa de juros cobrada pelos bancos nos empréstimos e a taxa de juros paga nos investimentos — atingiu seu ponto mais estreito desde 2014 em abril deste ano, mas desde então se expandiu à medida que os dados econômicos dos Estados Unidos melhoraram em relação à zona do euro, atingindo 1,6 ponto percentual na quarta-feira (2).
Com os sinais de recessão na Europa, ao observar os resultados nada animadores da economia alemã, os investidores têm corrido para comprar títulos do governo, que são os ativos cuja garantia de pagamento é a mais sólida. Mas a compra de títulos não tem ajudado muito na recuperação da performance do mercado, nem mesmo no Reino Unido onde, nas últimas semanas, os rendimentos dos títulos de ouro de dez anos caíram 0,25 ponto percentual.
O preço dos títulos emitidos por empresas também mostra expectativas de um cenário mais otimista para os EUA em relação à Europa. O prêmio pago por empresas norte-americanas de baixa classificação para emitir títulos está em torno do nível mais baixo em 16 meses, com o spread sobre a dívida do governo em 3,82 pontos percentuais – abaixo dos 4,81 pontos percentuais no final de 2022, de acordo com o FT.
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