Ciência e sociedade

Saliva do mosquito pode enfraquecer a defesa do corpo contra dengue, diz estudo

Contrair dengue começa com a pessoa sendo mordida por um mosquito Aedes infectado. Mas sua saliva também desempenha um papel fundamental, descobriu um estudo.
Sputnik
Não só atua como um anestésico, que esconde a sensação de ser mordido, como a saliva dos mosquitos portadores de dengue também contém uma proteína que suprime o sistema imunológico humano.
sso torna as vítimas mais suscetíveis à febre hemorrágica, que afetou 1.016 pessoas no Brasil em 2022, segundo os dados do Ministério da Saúde, algo nunca visto desde a década de 1980.
O doutor Mariano A. Garcia-Blanco, investigador principal do estudo, disse que a descoberta poderia ajudar a explicar por que a doença é tão facilmente transmitida e apontar maneiras de prevenir a infecção.
"É notável quão inteligentes são esses vírus – eles subvertem a biologia do mosquito para reduzir nossas respostas imunológicas para que a infecção se possa manter", acrescentou.
"Não há nenhuma dúvida em minha mente que uma melhor compreensão da biologia fundamental da transmissão conduzirá posteriormente a medidas eficazes do bloqueio da transmissão."
O dr. Garcia-Blanco espera que substâncias similares de amortecimento imunológico sejam encontradas em outras infecções transmitidas por mosquitos, como zika, Nilo Ocidental e febre amarela.
"As moléculas específicas aqui são improváveis de aplicar à malária, mas o conceito é generalizável às infecções virais."
O estudo, financiado pela Agência para a Ciência, Tecnologia e Pesquisa e pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Saúde de Cingapura, foi publicado na revista científica Plos Pathogens em 30 de março.
Os cientistas envolvidos descobriram que a saliva dos mosquitos infectados continha não apenas o vírus da dengue esperado, mas também moléculas conhecidas como ARN subgenômico flaviviral.
Armazenadas em bolhas minúsculas dentro da saliva, foi descoberto que estas moléculas são especificamente responsáveis por suprimir o sistema imunitário dos anfitriões.
"Introduzindo este ARN no local de mordida, a saliva contaminada com dengue prepara o terreno para uma infecção eficaz e dá ao vírus uma vantagem na primeira batalha entre ele e nossas defesas imunes", disseram os pesquisadores no artigo.

Tania Strilets, coautora do artigo, observou que "é incrível que o vírus possa sequestrar essas moléculas para que sua coentrega no local da picada do mosquito lhe dê uma vantagem em estabelecer uma infecção [...] Essas descobertas fornecem novas perspectivas sobre como podemos combater as infecções pelo vírus da dengue desde a primeira picada do mosquito".

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