França aposta em acordos bilionários em parceria estratégica com Índia e Emirados Árabes, diz mídia

A França já vendeu caças Rafale para a Índia e os Emirados Árabes Unidos (EAU), mas propôs um programa conjunto para a construção da aeronave sob sua nova parceria trilateral, diz South China Morning Post (SCMP).
Sputnik
A França deve poder receber, em breve, bilhões de dólares em encomendas de sua nova parceria estratégica trilateral com a Índia e os EAU, afirmaram analistas ao SCMP.
De acordo com a mídia asiática, a parceria de três vias entre os aliados de longa data, lançada em uma reunião de seus ministros das Relações Exteriores em Nova York no dia 20 de setembro, visa aumentar a segurança marítima, economia azul — voltada para a exploração, preservação e regeneração do ambiente marinho — e conectividade regional, além de segurança alimentar e energética no oceano Índico.
Em meio à pressão diplomática dos EUA para conter os avanços da China, a França, Índia e EAU acabaram unindo esforços para preservar sua "autonomia estratégica".
"Essas potências médias querem manter seu próprio espaço estratégico para manobrar em meio à competição acirrada entre grandes potências", disse o professor de relações internacionais do King's College de Londres Harsh V. Pant.
"Eles estão relutantes em fazer parte de qualquer bloco, então fortalecer os laços entre si é uma boa opção para manter sua autonomia estratégica", acrescentou.
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A França já vendeu um grande número de caças multifuncionais Rafale avançados para a Índia e os EAU. Desta forma, acabou sugerindo a formação de um programa conjunto para o desenvolvimento do avião de guerra sob sua nova parceria trilateral, informou o jornal Economic Times da Índia.
Analistas disseram que a parceria trilateral segue o persistente sentimento de traição da França por ter sido privada sem cerimônia, em setembro de 2021, de um acordo de € 35 bilhões (cerca de R$ 180,7 bilhões) para fornecer submarinos à Austrália. O acordo acabou indo para os EUA e o Reino Unido como parte da aliança trilateral — Reino Unido, EUA e Austrália — AUKUS.
Segundo o SCMP, o presidente francês Emmanuel Macron acabou se sentindo compelido a fazer concessões repentinas sobre a venda paralisada de Rafales aos EAU, levando à assinatura surpresa de um contrato de € 17 bilhões (aproximadamente R$ 87,8 bilhões) para 80 desses caças, em dezembro de 2021.
Dias depois, os EAU congelaram as negociações para comprar os caças furtivos F-35 dos Estados Unidos, em meio a tensões diplomáticas decorrentes, em parte, da pressão norte-americana sobre Abu Dhabi para reduzir seu relacionamento com a China, seu segundo maior parceiro comercial depois da Índia.
A Índia está avaliando o Rafale da Dassault Aviation, a variante F-21 do F-16 da Lockheed Martin e o Saab JAS 39 Gripen da Suécia para um contrato de 36 caças que aumentaria o tamanho de sua Força Aérea para 35 esquadrões.
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