Eleições 2022

Ofensiva final de Bolsonaro garantiu crescimento no Senado, diz analista

O presidente Jair Bolsonaro (PL) saiu como grande vencedor das eleições para o Senado neste domingo (2). Além de fazer do seu partido, o PL, o maior da Casa legislativa, o mandatário conseguiu eleger diversas figuras próximas como senadores.
Sputnik
Dos 27 senadores — um terço do Senado — eleitos neste domingo (2), 13 integram partidos que fazem parte da coligação de Bolsonaro (PL, Republicanos e PP). Além deles, candidatos apoiadores do presidente foram eleitos em mais três estados (no União Brasil e no PSC).
Enquanto isso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) emplacou quatro senadores de seu partido, um do PSB (partido coligado) e mais três aliados (no PSD e no MDB), totalizando oito.
Para a cientista política Clarisse Gurgel, professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), houve uma "migração do governo Bolsonaro para o Senado". Isso porque entre os bolsonaristas eleitos há cinco ex-ministros (Tereza Cristina, Damares Alves, Marcos Pontes, Rogério Marinho e Sergio Moro), um ex-secretário-executivo (Jorge Seif) e o vice-presidente Hamilton Mourão.
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Gurgel acredita que o resultado é fruto de uma ofensiva promovida pelo bolsonarismo na reta final.
"Certamente a gente pode colocar na conta de uma ofensiva nessa reta final. Alguns apontam para um trabalho de algoritmos [...] não só sobre uma pauta moral, mas sobre uma pauta anticomunista. [...] Nessa contraofensiva, eles trabalham com um cenário muito mais favorável", disse.
A pesquisadora destaca que a distribuição de recursos por meio do chamado orçamento secreto não pode ser ignorada na análise sobre as eleições legislativas.
"Existe uma [campanha de] reeleição com uma ausência completa de limites do uso da máquina, seja por método formal legal, seja por método ilegal. Isso é importante de destacar. Isso [o orçamento secreto] facilitou em muito um instrumento que já é fácil, que é um instrumento [usado] para reeleição", aponta.
Gurgel enxerga que a eleição do Senado consolida o bolsonarismo no cenário político. Nesse sentido, acredita que esse resultado apresenta um cenário bastante favorável para Bolsonaro no caso de reeleição e um ambiente mais hostil ao ex-presidente Lula — com uma proliferação de comissões parlamentares de inquérito (CPI) na Casa — caso o petista vença no segundo turno.

"Imagina, [para] um presidente que aprova sigilos de 100 anos, o que significa tomar conta do Senado? Se Bolsonaro é reeleito, ele se perpetua ainda mais. E, se Lula é eleito, você pode contar com uma ofensiva pesada de CPIs", disse.

Para a especialista, a consolidação do bolsonarismo perpassa uma conversão da política em violência política e pressão política. Na contraofensiva promovida por Bolsonaro na reta final da campanha, ela destaca também a adoção de um discurso mais adaptado para cada nicho do eleitorado.
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