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Boicotado? Estudo mostra como o YouTube privilegia conteúdos pró-Bolsonaro

Estudo do grupo NetLab, da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mostrou que o YouTube privilegia conteúdos favoráveis ao presidente e candidato Jair Bolsonaro (PL) em seus anúncios.
Sputnik
Nos breves anúncios publicitários que antecedem vídeos buscados por usuários no YouTube, o presidente Jair Bolsonaro tem sido o mais favorecido. Quem atesta essa realidade é uma pesquisa do NetLab publicada nesta quarta-feira (14).
Com perfis anônimos, os pesquisadores realizaram 18 visitas-teste, entre os dias 23 e 30 de agosto, semana das sabatinas com os presidenciáveis no Jornal Nacional, principal telejornal do Brasil, da TV Globo.
O objetivo do estudo era identificar quais canais e conteúdos informativos tiveram a visibilidade destacada pelo algoritmo de recomendação do YouTube.
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Explorando a página inicial completa da rede, foram identificados 31 canais de conteúdos informativos, pertencentes a 20 grupos de comunicação, que apareceram como sugestões para os 18 usuários anônimos criados. Entre os 31 canais, oito pertencem ao grupo Jovem Pan, considerado bolsonarista pelos pesquisadores.
Nesse período de coleta de dados da plataforma gerenciada pelo Google, canais classificados pelo NetLab como de "viés bolsonarista", como a Jovem Pan, foram identificados 14 vezes na primeira página, com um ou mais vídeos.
De acordo com a análise, o vídeo mais recomendado foi o da entrevista concedida por Jair Bolsonaro ao programa Pânico em 26 de agosto. Na ocasião, ele exaltou o seu governo e atacou a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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O estudo lembra que a recomendação de conteúdo tem forte impacto nas escolhas dos usuários, especialmente por fazer acreditar que os vídeos recomendados são baseados em critérios de relevância, e não guiados por acordos comerciais ou outros interesses.
A publicação sustenta que o Youtube leva o usuário para um "ciclo de retroalimentação autorreferenciado", quando se consome o conteúdo sugerido na primeira página.
Embora a rede social alegue esforços para combater a desinformação, a publicação sustenta que "não é claro qual é o impacto de privilegiar determinadas fontes consideradas confiáveis pela plataforma em detrimento de outras".
Vale lembrar, nesse sentido, que diferentes pesquisas apontam que o uso do Youtube contribui para a radicalização de seus usuários. Devido ao seu algoritmo de recomendação, a rede induz o usuário comum a dar mergulhos cada vez mais profundos em direção a conteúdos radicais.
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