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Explosão orçamentária: lei de guerra de US$ 48 bilhões de Israel depende do mercado de títulos

© AP Photo / Forças de Defesa de IsraelVeículos blindados israelenses durante operação terrestre na Faixa de Gaza
Veículos blindados israelenses durante operação terrestre na Faixa de Gaza - Sputnik Brasil, 1920, 23.11.2023
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Tel Aviv precisa contrair empréstimos extensivos para apoiar o seu esforço de guerra, devido às exigências da sua atual situação financeira. Com uma enorme dívida de US$ 300 bilhões para gerir, o recente conflito duplicou o custo do seguro das suas obrigações soberanas contra o incumprimento.
A escalada das operações militares das Forças de Defesa de Israel (FDI) em Gaza pôs em evidência os crescentes desafios econômicos do país, à medida que o conflito entra na sua sétima semana. No meio desta turbulência contínua, uma equipe de tecnocratas israelenses conhecida como o "CFO do governo" é responsável por navegar nas complexidades econômicas emergentes.
A Leader Capital Markets, uma importante empresa de consultoria financeira em Israel, relata que a guerra custa à economia cerca de US$ 270 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão) todos os dias, citando o Ministério da Economia de Israel. Estima-se um impacto fiscal total de US$ 48 bilhões (aproximadamente R$ 234,6 bilhões) para 2023-2024. Israel suporta dois terços destes custos e os EUA cobrem o terço restante.

Estratégia fiscal e gestão da dívida

O plano econômico de Israel, fortemente dependente de empréstimos substanciais, é crucial para sustentar seu conflito armado mais desafiante dos últimos 50 anos. Neste cenário complexo, Yali Rothenberg, contador-geral do Ministério da Economia, desempenha um papel fundamental na supervisão da gestão do perfil da dívida de US$ 300 bilhões (cerca de R$ 1,4 trilhão) do país, uma parte significativa da qual é atribuída a este conflito. A estratégia governamental do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, concebida para suportar vários meses de combate, inclui reservas financeiras adicionais para mitigar o impacto econômico do conflito militar prolongado.
"Estamos avançando com um cenário-base que faz referência a vários meses de combate e trabalhamos em áreas adicionais. Somos capazes de financiar o Estado de Israel mesmo em cenários mais extremos do que o dos combates atuais", disse Rothenberg à imprensa.
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Financiamento nacional e internacional

Após a crise, o Ministério da Economia israelense aumentou as suas vendas internas de obrigações para US$ 5 bilhões (cerca de R$ 24,4 bilhões) desde 7 de outubro, ultrapassando a sua média mensal habitual de pouco mais de US$ 1,34 bilhão (aproximadamente R$ 6,5 bilhões). Embora estejam aumentando, as taxas de juro internas do país permanecem inferiores às de muitas economias avançadas.
A procura de títulos do governo israelense tem sido forte, tendo a procura nos leilões recentes sido mais de seis vezes superior à oferta. A Moody's estima que as necessidades brutas de financiamento do governo sejam de cerca de 10% da sua produção econômica para este ano, acima dos 5,7% em 2022.
Apesar do aumento das taxas de juro internas, os custos dos empréstimos de Israel continuam sendo inferiores aos de muitas economias desenvolvidas. Embora o rendimento das obrigações em shekel a dez anos de Israel tenha sido mais elevado desde o início do conflito Israel-Palestina, foi recentemente de 4,2%, ainda abaixo do de obrigações semelhantes do Tesouro dos EUA. A moeda israelense recuperou as perdas do pós-guerra e está sendo negociada de forma robusta diante do dólar, principalmente devido às intervenções sem precedentes do banco central.
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Desafios Fiscais

A tensão fiscal do governo israelense é cada vez mais evidente, como evidenciado pelo orçamento de outubro, que mostra um déficit mais de sete vezes maior do que em 2022. O ministro da Economia de Israel, Bezalel Smotrich, propôs um orçamento alterado para o resto de 2023 para resolver esta questão. Este orçamento revisto inclui um aumento substancial das despesas de US$ 9,4 bilhões (cerca de R$ 45,9 bilhões), financiado principalmente através de dívida. Além disso, Israel enfrenta o desafio de compensar cerca de US$ 4 bilhões (aproximadamente R$ 19,5 bilhões) em receitas perdidas em 2023. Além disso, o governo precisa reabastecer um fundo de compensação fiscal, que foi esvaziado em US$ 4,8 bilhões (cerca de R$ 23,5 bilhões) para cobrir despesas após o começo da guerra.
Uma parte significativa da resposta financeira envolve a emissão de obrigações, com mais de 80% do financiamento total proveniente de fontes nacionais. Esta estratégia pretende proteger a economia israelense da volatilidade dos fluxos de investimento estrangeiro. Apesar destes esforços, Israel enfrenta um mercado internacional menos acolhedor. O custo do seguro das obrigações soberanas de Israel contra o incumprimento praticamente duplicou desde o início da guerra, indicando um aumento do ceticismo e da percepção de risco entre os investidores internacionais.
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Avaliando a saúde financeira de Israel

O conflito duplicou o custo do seguro dos títulos soberanos de Israel contra o incumprimento, refletindo a crescente apreensão do mercado. Consequentemente, o Departamento Geral de Contabilidade de Israel está ativamente envolvido com agências de classificação e criadores de mercado para sustentar a confiança dos investidores e estabilizar a sua posição nos mercados internacionais.

Israel angariou US$ 5,4 bilhões (cerca de R$ 26,4 bilhões) fora dos esforços internos desde o início do conflito, alavancando o apoio internacional, incluindo a venda de mais de US$ 1 bilhão (quase R$ 4,9 bilhões) em obrigações através de uma entidade registada nos EUA e outros acordos negociados de forma privada.

Apesar da perspectiva negativa das principais agências de classificação, Israel evitou um rebaixamento da classificação de crédito. Rothenberg destaca a necessidade de controlar o déficit orçamentário para a estabilidade fiscal a longo prazo. Ele reconhece a importância de gerir o cálculo dívida/PIB, que deverá ultrapassar o seu nível atual de cerca de 60%.
Internamente, o governo israelense está envolvido em debates controversos sobre a atribuição de despesas discricionárias. Os críticos afirmam que a hesitação do governo em ajustar ou redirecionar estes fundos ameaça a sua credibilidade, especialmente no contexto fiscal alterado desde 7 de outubro.
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