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Brasil critica paralisia do Conselho de Segurança da ONU: 'Falhou vergonhosamente', diz ministro

© AP Photo / Hatem AliPalestinos tentam salvar pessoas que ficaram feridas após bombardeio israelense em área residencial na Faixa de Gaza. Rafah, 23 de outubro de 2023
Palestinos tentam salvar pessoas que ficaram feridas após bombardeio israelense em área residencial na Faixa de Gaza. Rafah, 23 de outubro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 30.10.2023
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Na véspera do fim da presidência brasileira no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), o ministro das Relações Exteriores do país, Mauro Vieira, criticou nesta segunda-feira (30) a paralisia do principal órgão da ONU frente ao conflito entre Hamas e Israel. Para Vieira, a entidade tem "vergonhosamente falhado" para buscar soluções.
O número de mortos já ultrapassa dez mil, a grande maioria palestinos, e desse total 3,2 mil são crianças. No início do mês, o país chegou a apresentar uma resolução que pedia um cessar-fogo para o envio de ajuda humanitária e por pouco não foi aprovada: 12 países votaram a favor e os Estados Unidos, que têm poder de veto, não deixaram o texto ser implementado.
"Minhas perguntas a todos vocês são: se não agora, quando? Quantas vidas mais serão perdidas até que nós finalmente passemos do discurso para a ação?", questionou sobre a escalada do conflito na Faixa de Gaza. A principal cidade do território, que conta com quase 2,3 milhões de habitantes, passou a ser atacada nesta segunda por terra, mar e água.
Para o ministro, divergências internas entre os membros, principalmente os permanentes [são eles Estados Unidos, Reino Unido, China, Rússia e França], levaram aos impasses e uso do conselho apenas "para alcançar seus próprios propósitos, em vez de colocar a proteção de civis acima de tudo".
Durante o duro discurso, Vieira ainda enfatizou que as crises humanitárias como em Gaza exigem que as rivalidades sejam abandonadas. "O fato de o conselho não ser capaz de cumprir sua responsabilidade de salvaguardar a paz e a segurança internacionais devido a antigos antagonismos é moralmente inaceitável", acrescentou.
Além disso, o ministro disse que qualquer Estado tem direito de se defender, mas devem respeitar "o direito humanitário internacional, em especial os princípios de distinção, proporcionalidade, precaução, necessidade militar e humanidade". Por conta dos bombardeios diários contra a população civil, Israel tem recebido críticas da ONU e chegou a impedir a entrada de representantes da entidade em seu território.
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Falta ajuda humanitária

Enquanto a ajuda humanitária chega a conta-gotas, com a entrada de apenas 150 caminhões em pouco mais de uma semana, os hospitais estão em colapso, falta comida e muitas pessoas já recorrem a fontes de água poluídas. Conforme a ONU, são necessários pelo menos 300 veículos por dia para amenizar a situação.
O ministro brasileiro lembrou que o início do envio de mantimentos, água e remédios só começou por conta de um acordo entre Egito, Estados Unidos, Israel e ONU, porém tem sido insuficiente frente às necessidades da Faixa de Gaza. Por fim, Vieira alegou que cerca de 30 brasileiros seguem no território e não conseguem sair.
A guerra começou no dia 7 de outubro, quando o movimento fez um ataque surpresa com foguetes em grande escala que atingiu o território de Israel. Além disso, militantes atravessaram a fronteira pela região sul e provocaram centenas de mortes, além de sequestrar mais de 220 pessoas. A maioria ainda segue sob o poder do Hamas. Uma das regiões mais pobres do mundo, Gaza tem mais de 80% da população na pobreza e sofre um bloqueio israelense por terra, ar e mar desde 2007.
Na última semana, a Assembleia Geral da ONU chegou a aprovar a resolução da Jordânia que pede um cessar-fogo imediato, o que foi rejeitado por Israel e Estados Unidos. O embaixador do país na entidade chegou a dizer que as Nações Unidas "não possuem legitimidade" para interferir no conflito.

Rússia diz que pausa humanitária não é suficiente

O embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, disse durante a reunião do Conselho de Segurança que pausas humanitárias não vão ajudar a acabar com a guerra. "O tempo para medidas tímidas e apelos simplificados acabou. Nenhuma pausa humanitária ajudará. É impossível fornecer ajuda no meio da guerra", declarou. Segundo ele, entre os mortos pelos ataques estão inclusive trabalhadores que levam ajuda à Faixa de Gaza.
Para a autoridade russa, há intenção clara dos Estados Unidos e de Israel em "exterminar a população de Gaza ou expulsá-la da região". Segundo Vasily Nebenzya, são necessárias medidas para retomar a negociação entre israelenses e palestinos para a criação do Estado independente árabe dentro das fronteiras traçadas em 1967.
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