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Conectar o rublo digital a outras moedas vai criar alternativas ao SWIFT e ao dólar, diz analista

© Sputnik / Aleksandr DemianchukNotas de dólares americanos e rublos
Notas de dólares americanos e rublos - Sputnik Brasil, 1920, 02.08.2023
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O grande potencial para criar um sistema monetário global não centrado no Ocidente está no foco do crescente movimento em direção às moedas digitais do banco central, como o rublo digital da Rússia, lançado na terça-feira (1º), disse um especialista à Sputnik.
A lei que cria o rublo digital foi recentemente aprovada pelo Kremlin e começou a ser implementada. É uma terceira forma da moeda nacional russa, ao lado de notas bancárias impressas e cartões bancários não monetários. Apesar de algumas semelhanças superficiais com uma criptomoeda, o respaldo do Estado ao rublo digital lhe dá a estabilidade e a legitimidade que faltam em outras moedas digitais altamente não regulamentadas.
Na terça-feira (1º), as transferências B2B (de empresa para empresa) se tornaram a primeira parte do novo formato de moeda a ser lançado.
O consultor de gestão da Dezan Shira & Associates em Moscou, Paul Goncharoff, disse à Sputnik que as moedas digitais do banco central (CBDC, na sigla em inglês) têm muitas das vantagens de outras moedas digitais, mas sem muitas de suas desvantagens.
Isso inclui "transações rápidas e custos de transação mais baixos a uma taxa de 0,3%, com o benefício de serem garantidos pelo Banco Central. Ao contrário das criptomoedas, a CBDC funciona inteiramente dentro do sistema financeiro estabelecido, o que a torna sistêmica e favorável ao governo, em vez de possivelmente perturbadora", explicou ele.
"Vejo pontos positivos para as empresas ao usar o rublo CBDC, o que pode não ser tão verdadeiro para transações de pessoa física para pessoa física [P2P] quando iniciadas entre 2025 e 2027 devido a problemas de privacidade inerentes. Dito isto, em um nível econômico amplo, deve ser um passo positivo para simplificar as transações comerciais dentro e, eventualmente, fora da Federação da Rússia", observou Goncharoff.
O analista acrescentou que integrar a CBDC da Rússia com os de outros países vai permitir ainda mais que a economia russa contorne as restrições criadas pelas sanções ocidentais, que incluem o sistema de transferência eletrônica SWIFT com sede em Bruxelas, cidade que também abriga a União Europeia (UE) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
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"Embora inicialmente o rublo CBDC fosse destinado a acordos dentro da Federação da Rússia e países próximos para permitir eficiências na execução comercial, pode ser visto como o teste decisivo da Rússia para expandir ainda mais seu uso de CBDC internacionalmente", explicou o especialista.
Goncharoff observou que os outros membros do bloco BRICS (Brasil, Índia, China e África do Sul) também estão desenvolvendo CBDCs ativamente, portanto, "não deve demorar muito para que ocorra a interoperabilidade entre os países-membros do BRICS. Essas expressões digitais dessas moedas devem impulsionar o comércio internacional, ao mesmo tempo em que fornecem uma alternativa fora do sistema financeiro dominado pelo Ocidente, centrado no dólar americano e em seu ambiente sancionado de forma restritiva".
O especialista ressaltou que o representante da Rússia, quando esteve em Nova Deli recentemente, propôs apenas uma moeda digital unificada para a Rússia, China e Índia como um começo.
"O objetivo inicial é melhorar o comércio, cumprindo os regulamentos de cada país e reduzindo a dependência do dólar ou euro para reduzir os efeitos de sanções internacionais reais ou antecipadas usando essas moedas fiduciárias. Na agenda do BRICS em agosto na África do Sul estão as discussões sobre como os membros estão desenvolvendo CBDCs, as vantagens esperadas das moedas digitais no comércio internacional e nas arenas financeiras e a potencial polinização cruzada", explicou.
Goncharoff observou que o dólar americano continuaria a dominar o comércio internacional por algum tempo, mas que tendências como a interconexão de novas moedas digitais começariam a cavar o túmulo de velhos sistemas centrados no Ocidente, como o SWIFT.
"Como o presidente Putin disse uma vez, 'costeletas de um lado, moscas do outro'. CBDCs são representações digitais de moedas estabelecidas. No momento atual, o dólar americano reina supremo para a maioria dos acordos globais", afirmou Goncharoff.
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Para ele, a situação só deve mudar quando o BRICS, por exemplo, passar a combinar seus respectivos CBDCs nacionais em uma plataforma interoperacional acordada. Até que isso aconteça, "é improvável que os CBDCs façam uma mudança significativa no mercado no papel do dólar americano no curto prazo, a menos que o dólar americano e o Fed [Reserva Federal dos EUA] dê um tiro no próprio pé".
O especialista acredita que a digitalização de moedas soberanas, quando acontecer em todo o mundo, deve fazer com que provedores de serviços como SWIFT acabem desaparecendo em sua forma atual, o que não deve acontecer por um tempo.
Goncharoff diz que um CBDC em dólares americanos vai acontecer, que é apenas uma questão de tempo político já que é um tema muito debatido entre um público bastante preocupado com as novas mudanças no ambiente financeiro.
"Muitos se opõem [às moedas digitais], pois veem que o uso de CBDCs reduz a privacidade das informações, especialmente sobre quem, o quê, onde e por quanto uma empresa ou uma pessoa fez uma transação? Essencialmente, os mesmos dados são coletados pelos emissores toda vez que alguém usa um cartão de crédito ou débito. A diferença é que serão informações centralizadas com o Fed. Dito isto, vai ocorrer, é uma questão de tempo, e depois de ganhar todos os itens adicionais da legislação", concluiu.
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