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Mídia: Brasil esconde orçamento secreto e diz que contas são transparentes em ofício enviado à OCDE

© Folhapress / Cláudio Reis / Photo PressO presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), conversa com o ministro da Economia, Paulo Guedes, durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, Brasília, 6 de junho de 2022
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), conversa com o ministro da Economia, Paulo Guedes, durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, Brasília, 6 de junho de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 19.10.2022
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No final de setembro, o Brasil entregou à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) um documento informando à instituição que as contas públicas no país vivem uma situação de transparência, contrariando o estabelecimento do orçamento secreto no Congresso Nacional.
De acordo com a coluna de Jamil Chade no UOL, o informe – que trata-se do memorando inicial que todos os candidatos precisam apresentar para entrada na OCDE – estava sendo mantido em sigilo pelo governo.
O documento atende a critérios requisitados pela organização no âmbito das contas públicas e da governança orçamentária, e ao explicar o funcionamento do sistema nacional, o memorando do governo Bolsonaro declara que "no que diz respeito a transparência, a governança do processo orçamentário brasileiro se destaca".
Sede da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em Paris, na França (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 06.10.2022
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Entretanto, o governo camufla o que instituições como a Transparência Internacional classificam como o maior processo de institucionalização da corrupção que se tem registro na história brasileira, que é o macro esquema do orçamento secreto, relata a coluna.
Para Guilherme France, consultor da Transparência Internacional "é sintomático que o governo Bolsonaro não permita que a sociedade brasileira tenha acesso ao documento de autoavaliação que apresentou à OCDE".
"Ao longo de quatro anos de governo, foram inúmeras as tentativas, muitas delas bem-sucedidas, de se ocultar dados inconvenientes para o governo e de hostilizar jornalistas e ONGs que questionam informações oficiais incompletas ou inverídicas. Se a transparência e a accountability são alguns dos princípios transversais da OCDE, presente em grande parte dos 240 instrumentos aos quais o Brasil deve aderir, por coerência a organização deveria assegurar que atores não estatais independentes também tenham acesso às informações produzidas pelo governo e condições de participar efetivamente deste processo de adesão", apontou France em entrevista à mídia.
Segundo o jornalista Jamil Chade, o esquema operado entre o governo federal e o centrão no Congresso é ainda tido como responsável por retrocessos e violações do devido processo orçamentário, desviando bilhões de reais de recursos de ministérios e políticas públicas formuladas em bases técnicas, para serem utilizadas, sem os mínimos parâmetros de transparência e controle, segundo interesses de parlamentares aliados.
No início do ano, a OCDE apresentou o que seria o percurso burocrático para o país, ou seja: o que se exigirá que o Brasil cumpra para que a adesão ocorra. Um dos aspectos é a questão de combate à corrupção. Internamente, a organização já demonstrou profundo desconforto diante das intervenções do presidente, Jair Bolsonaro, na Polícia Federal, no desmantelamento das forças tarefas e no esvaziamento de medidas concretas para combater a corrupção.
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No entanti, no documento submetido pelo governo federal, a avaliação era outra. No Memorando Inicial, o governo brasileiro afirma que o Brasil está "totalmente alinhado" com a Convenção Antissuborno da OCDE, o principal instrumento da organização sobre o tema da corrupção.
A adesão à entidade com sede em Paris é um dos principais objetivos da política externa bolsonarista, e a aceitação da organização para o processo de entrada do Brasil "no clube dos países ricos" foi amplamente comemorada em janeiro.
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