Panorama internacional

Aprovação de auxílio à Ucrânia no Senado dos EUA prova que ala neoconservadora domina republicanos

A aprovação pelo Senado dos EUA, nesta terça-feira (23), do projeto de lei que destina cerca de US$ 95 bilhões (R$ 487,1 bilhões) em ajuda à Ucrânia, Israel e Taiwan prova que o verdadeiro centro de poder do Partido Republicano permanece com a ala neoconservadora dominante, segundo especialista ouvido pela Sputnik.
Sputnik
A ajuda estava paralisada na Câmara dos Representantes até sábado passado, quando o presidente da Câmara, Mike Johnson, levou o projeto de lei ao plenário, apesar da oposição à continuação da ajuda à Ucrânia.
No último sábado (20), os deputados votaram em separado os projetos de lei de ajuda aos três países, além de aprovarem o uso dos ativos russos congelados para financiar o governo ucraniano. Por conta de mudanças, as propostas foram encaminhadas para o Senado.
O financiamento recebeu 75 votos favoráveis e 17 contrários, sendo necessários no mínimo 60 senadores para a aprovação da proposta.
Do total dos recursos, cerca de US$ 61 bilhões (R$ 312,4 bilhões) são para a Ucrânia, outros quase US$ 27 bilhões (R$ 140,4 bilhões) para Israel e US$ 8,12 bilhões (R$ 42,2 bilhões) são destinados a Taiwan.
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Senado dos EUA aprova pacote de US$ 95 bilhões em financiamento para Ucrânia, Israel e Taiwan
O projeto de lei foi criticado por 51% dos norte-americanos. De acordo com pesquisa recente, 61% dos republicanos, incluindo 55% que se identificam como republicanos que não apoiam Trump, dizem que se opõem ao envio de mais ajuda à Ucrânia. Enquanto mais de 50% da bancada republicana votou contra o projeto de lei, os restantes se juntaram aos democratas da Câmara para aprovar o documento. O presidente da Câmara concordou em levar o projeto de lei ao plenário, apesar de suas críticas anteriores à ajuda à Ucrânia.
Durante e após a eleição de 2016, alguns neoconservadores se autodenominaram "Nunca-Trumpers" para expressar sua oposição ao ex-presidente Donald Trump. Alguns até mesmo migraram para o Partido Democrata.
Mas, no final das contas, a velha guarda do Partido Republicano ainda consegue obter o que quer através do controle de figuras-chave no partido, de acordo com o pesquisador sênior do Instituto de Política Global George Szamuely, ouvido pela Sputnik:

"As pessoas que ainda importam dentro do Partido Republicano, incluem doadores, incluem a própria elite do Partido Republicano, [ex-presidente George W.] Bush, [ex-senador John] McCain."

Mas não foram apenas os políticos típicos do establishment que trabalharam para conseguir a ajuda quando a situação apertou. Johnson, até recentemente, era visto como parte da ala populista e até mesmo Trump saiu em apoio.

"Trump desempenhou um papel decisivo aqui. Foi Trump quem endossou Mike Johnson. Mike Johnson foi a Mar-a-Lago e, basicamente, Trump apoiou o pacote. Ele não saiu e disse 'sou contra, não vou ter nada a ver com isso. Quando eu for presidente, vou encerrar a guerra', era o que ele estava dizendo durante as primárias da campanha", disse Szamuely.

Em janeiro, Trump aparentemente afundou um acordo entre republicanos e democratas que teria aprovado ajuda à Ucrânia em troca de concessões na fronteira pelos democratas. Também anteriormente afirmou que encerraria o conflito na Ucrânia em 24 horas após assumir o cargo, presumivelmente cortando a ajuda à Ucrânia.
No início deste mês, no entanto, depois que Johnson prometeu levar a ajuda à Ucrânia a votação no plenário, Trump ficou ao lado de Johnson durante uma coletiva de imprensa: "Estou com o presidente da Câmara", disse Trump, acrescentando que Johnson está "fazendo um ótimo trabalho".
"Acredito que o endosso de Trump ajudou vários republicanos a dizerem, 'Bem, se Trump está a favor, por que não votar a favor?'", especulou Szamuely.
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