Panorama internacional

Nova missão da OTAN mostra que 'não tem plano real para a Ucrânia', diz especialista

Paolo Raffone, diretor da Fundação CIPI em Bruxelas, avaliou as ações da Aliança Atlântica, que vê como incapazes de resolver todos os problemas da Ucrânia, devido às limitações do mandato do bloco militar.
Sputnik
As ideias do ministro das Relações Exteriores da Polônia sobre uma nova missão conjunta da OTAN na Ucrânia são "mais um desejo do que realidade", disse um especialista estratégico à Sputnik.
"Até o momento, ninguém na OTAN está disposto a se envolver com uma presença militar aliada estável na Ucrânia", disse Paolo Raffone, diretor da Fundação CIPI em Bruxelas, Bélgica, sobre Radoslaw Sikorski.
"Os pensamentos de Sikorski não combinam com as declarações de David Cameron na cúpula da OTAN em Bruxelas. O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido reconheceu que a 'guerra será perdida se os aliados não se mobilizarem', mas após ser questionado se as nações ocidentais deveriam enviar tropas para a Ucrânia, Cameron respondeu 'não'", sublinhou Raffone.
Anteriormente, Sikorski anunciou a criação pela OTAN de uma missão conjunta na Ucrânia e o treinamento de mais tropas ucranianas na Polônia, enquanto Jens Stoltenberg, secretário-geral da aliança, disse que não há planos para o envio de tropas da OTAN para o território da Ucrânia, mas reiterou a continuação do envio de equipamentos, munição e armas.
A "missão conjunta da OTAN na Ucrânia", anunciada por Sikorski, caso seja estabelecida, "vai no sentido de não envolver a OTAN diretamente na Ucrânia", prevê o especialista.
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"A OTAN não tem um plano real para a Ucrânia, mas gostaria de ver a situação 'estabilizada' para ser mais administrável. O escopo não declarado é reduzir o deslizamento [ou colapso] das forças ucranianas para que, em um momento, sem um vencedor e um derrotado em campo, algumas negociações possam ocorrer."
Ao mesmo tempo, o último acrescentou que o Comandante Supremo Aliado da OTAN na Europa (SACEUR, na sigla em inglês) está trabalhando em uma proposta para melhorar o papel de coordenação de segurança da aliança na Ucrânia, o que poderia pressupor a colocação do Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia, que coordena a entrega de armas a Kiev, atualmente liderado pelos EUA, sob o controle da OTAN.

OTAN tem limites

O analista ressaltou que o atual apoio da aliança à Ucrânia é "limitado a certas funções de logística, consultoria e treinamento" e, de acordo com as atuais regras da OTAN, "não seria possível fazer mais".
"A postura da OTAN é evitar o colapso da Ucrânia sob a constante pressão russa com o objetivo estratégico de criar as condições para um acordo negociado, seja ele qual for", disse.
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Stoltenberg também apresentou planos para um pacote de ajuda militar de € 100 bilhões (R$ 549,35 bilhões) por cinco anos para a Ucrânia, na esperança de finalizar o acordo a tempo da próxima cúpula do bloco em Washington, EUA, em julho, mas esse é um "plano no papel, sem nenhuma cobertura fiscal concreta dos países membros da OTAN", notou Raffone. Para ele, trata-se do "último prego no caixão de Ursula von der Leyen [presidente da Comissão Europeia], que sugeriu um acordo semelhante no âmbito do sistema de defesa da UE".
"Todas essas declarações devem ser interpretadas tendo em vista o possível retorno de [Donald] Trump à Casa Branca no final de 2024. Elas parecem tentativas de criar condições 'à prova de Trump', compromissos declaratórios preventivos para equilibrar o candidato Donald Trump, sugerindo que os EUA poderiam cortar o apoio [à Ucrânia] e alegando que alguns membros da OTAN não estavam pagando o que deviam."
"A realidade é que os EUA, que têm fornecido 80% dos suprimentos militares à Ucrânia, não conseguiram aprovar o novo pacote de ajuda militar. Sem os EUA, os aliados europeus podem fazer muito pouco em apoio à Ucrânia", observou Raffone. Ao mesmo tempo, diz ele, o complexo militar-industrial está agindo para que a guerra continue.
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