Panorama internacional

'Palavras inconsequentes', diz deputado que pediu impeachment contra Lula por declarações sobre Gaza

O pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), comparando as ações de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto, desencadeou uma série de reações políticas no Brasil.
Sputnik
À Sputnik Brasil, o deputado Delegado Fabio Costa (PP-AL), um dos signatários do pedido de impeachment contra o presidente, classificou as declarações como "covardes e irresponsáveis", alegando que configuram "crime de responsabilidade".

"De maneira covarde e irresponsável, Lula fez uma fala gravíssima ao dizer que Israel comete genocídio contra os palestinos e fez alusão à matança de judeus na Alemanha nazista de Adolf Hitler. A fala não é apenas irresponsável, como também é um crime de responsabilidade. É vergonhoso ter um líder com esse pensamento. Lamentamos as palavras inconsequentes do presidente e nos solidarizamos com o extermínio de mais de 6 milhões de judeus vítimas do Holocausto", argumentou.

As declarações de Costa foram feitas em meio à crescente pressão dentro da Câmara dos Deputados para o impeachment de Lula. "O fato é muito grave e nós, do Parlamento, esperamos que o presidente [da Câmara] Arthur Lira acate o pedido", acrescentou.
Liderado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o pedido já conta com 91 assinaturas.
A crise diplomática desencadeada resultou em ações diretas por parte de Israel. O ministro das Relações Exteriores do país, Israel Katz, anunciou que Lula foi declarado "persona non grata" em Israel e exigiu retratação. Além disso, o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, foi convocado de volta.
A primeira-dama, Janja Lula da Silva, defendeu as declarações do presidente brasileiro e disse em suas redes sociais que "a fala se referiu ao governo genocida, e não ao povo judeu". "Sejamos honestos nas análises", completou.

"Orgulho do meu marido que, desde o início desse conflito na Faixa de Gaza, tem defendido a paz e principalmente o direito à vida de mulheres e crianças, que são maioria das vítimas. Tenho certeza de que se o presidente Lula tivesse vivenciado o período da Segunda Guerra, ele teria da mesma forma defendido o direito à vida dos judeus", escreveu Janja.

Em entrevista à CNN, o assessor especial de assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim, afirmou que Lula não vai pedir desculpas por criticar o genocídio em Gaza. "Sempre tratamos de maneira muito respeitosa e defendemos a solução de dois Estados, mas não tem nada do que se desculpar. Israel é que se coloca numa condição de crescente isolamento."
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