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G20: Brasil quer ver programas como o Bolsa Família no combate à fome mundial

Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (1º), Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social, comentou os planos da força-tarefa de combate à fome do G20, um dos principais eixos da presidência brasileira do evento. Segundo Dias, a ideia principal é o compartilhamento de iniciativas de sucesso na erradicação da insegurança alimentar.
Sputnik
Agendado para os dias 18 e 19 de novembro deste ano, o encontro do G20 reunirá as 20 maiores economias do mundo para debater diversos temas, que vão desde comércio, corrupção, economia à transição energética, educação e combate à fome e à pobreza.
Na presidência do Brasil, esta será a primeira vez que o grupo discutirá o combate à fome e à pobreza. "Um chamado a todos os países do mundo para trabalhar essa temática desafiadora", caracterizou Dias.
A proposta da liderança brasileira é o estabelecimento de uma Aliança Global, na qual os países possam compartilhar iniciativas e experiências bem-sucedidas nessa área. De acordo com o ministro, tentativas passadas de realizar apenas a transferência de recursos de países a outras nações e organizações se mostraram infrutíferas devido a dificuldades de aferir erros e acertos.
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Nesse contexto, apontou Dias, o Brasil quer "alcançar uma troca de experiências exitosas, cientificamente comprovadas de grande resultado". Para isso, o país compartilhará sua experiência com programas sociais, como o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida, a Tarifa Social e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
Em suas estimativas mais otimistas, por meio dessas medidas, o Brasil conseguiu alcançar mais de 12 milhões de pessoas da condição de insegurança alimentar somente no último ano. Os dados, levantados pelo governo, serão divulgados oficialmente em abril.
Dias ressaltou o sucesso da condicionalidade do Bolsa Família. Para receber a renda extra, a gestora do lar precisa se comprometer com a educação e a saúde da família, mantendo a caderneta de vacinação em dia, matriculando e garantindo a presença dos filhos na escola.

"[Segundo] uma pesquisa do Banco Mundial dos 20 anos do Bolsa Família, 64% da geração que alcançou a idade do ensino técnico superior superou a pobreza de uma forma muito segura. Isso mostra que a transferência de renda é um caminho a ser considerado nessa trilha."

Fome: um problema estrutural

Em sua fala, Dias destacou o caráter estrutural da insegurança alimentar. O problema não é necessariamente a falta de alimentos, mas pode ter outras origens. "No Brasil, foi desestruturada a produção, o transporte, a armazenagem, a industrialização e o acesso" aos alimentos, afirmou.
Dentro do Plano Safra, linha de crédito para a agricultura do Banco do Brasil, o governo passou a introduzir novos mecanismos, como o planejamento do que o Brasil passa a produzir para a exportação. O governo federal também recriou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), "integrando armazenagem do setor privado e público como segurança estratégica alimentar".
"Quando o preço do alimento começa a subir, vendemos [na região] mais barato. Estamos fazendo isso no Nordeste e no Norte por conta da seca, e no Sul pelas enchentes", destacou Dias. "Quando o preço do alimento cai muito, é ruim para o produtor, porque ele tem prejuízo. O Brasil vai lá e faz a compra por um preço justo e traz para armazenagem", explicou.
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome destacou ainda o papel dos organismos estatais no estímulo à agricultura familiar. Hospitais, escolas e Forças Armadas", apontou Dias, "compram da agricultura familiar e ajudam a estimular a produção de alimentos saudáveis".
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