Panorama internacional

Pesquisador: ao defender 'atos genocidas' de Israel na CIJ, Alemanha repete erros de sua história

No último domingo (14), a Namíbia condenou a decisão da Alemanha de rejeitar as acusações de genocídio contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ).
Sputnik
A Namíbia, onde ocorreu o primeiro genocídio do século XX, sob o domínio colonial alemão, acusou Berlim de "ignorar" as "mortes de mais de 23 mil palestinos em Gaza" e de defender "os atos genocidas e horríveis do governo israelense".
A condenação da Namíbia à rejeição da Alemanha das acusações de genocídio da África do Sul contra Israel na CIJ está enraizada na experiência traumática do povo namibiano, afirmou Rasigan Maharajh, diretor-chefe do Instituto de Pesquisa Econômica e Inovação da Universidade de Tecnologia de Tshwane, na África do Sul.
Panorama internacional
Reunião de Zelensky em Davos foi uma tentativa fracassada de obter apoio do Sul Global, diz analista
Destacando a responsabilidade histórica da Alemanha pelo genocídio perpetrado contra as comunidades Herero e Nama, entre 1904 e 1908, ressaltando ainda a historicidade referente ao período nazista, Maharajh disse que a maioria das pessoas em todo o mundo acha difícil compreender a posição atual de Berlim sobre a crise humanitária em curso na sitiada Faixa de Gaza, onde os ataques israelenses mataram mais de 24 mil civis, segundo as autoridades do enclave palestino.

"Isso não representa a sociedade alemã, mas, na verdade, apenas articula a posição da elite alemã e da classe política que controla sua sociedade […]. A razão pela qual a Namíbia se opõe tão veementemente à posição da Alemanha é […] [a] experiência vivida pelos namibianos nas circunstâncias em que o genocídio pode ter sido praticado", disse o especialista à Sputnik.

Refletindo sobre o reconhecimento por parte da Alemanha das atrocidades coloniais na Namíbia, Maharajh sublinhou a questão mais ampla da reconciliação e da restituição. Ele enfatizou o contexto histórico da ocupação colonial da parte sudoeste da África Austral, onde 824 mil km² de terras foram adquiridos pela família de comerciantes alemães Luderitz por cerca de "770 libras esterlinas" e posteriormente garantidos sob proteção imperial alemã.
Panorama internacional
Na CIJ, Israel diz que África do Sul conta 'só metade da história'; Jordânia cita 'guerra regional'
O acadêmico sul-africano destacou os sombrios paralelos históricos, apontando para uma declaração arrepiante de 1904 feita por um general alemão, detalhando instruções brutais e horríveis para o povo Herero.

"Esta foi uma declaração emitida por um general alemão em 2 de outubro de 1904 […]: 'Os Herero não são mais súditos alemães. Eles assassinaram e saquearam. Agora, por covardia, querem desistir da luta. […] A nação Herero deve deixar o país. Se não o fizer, vou obrigá-la à força a entrar no território alemão. Todos os membros da tribo Herero, armados ou desarmados, com ou sem gado, serão fuzilados", relembrou Maharajh.

Comentar