Panorama internacional

'Torturado e incomunicável': morre jornalista preso na Ucrânia por críticas ao regime de Kiev

Preso desde maio de 2023, Gonzalo Lira morreu nesta sexta-feira (12). Ele foi preso após ganhar notoriedade por suas críticas à OTAN e por denunciar a ascensão do neonazismo em Kiev.
Sputnik
O jornalista, blogueiro e cineasta Gonzalo Lira, chileno de cidadania americana, morreu nesta sexta-feira (12), após passar meses em uma prisão ucraniana, onde era mantido incomunicável e sob regime de tortura.
A notícia da morte foi dada pela família de Lira. O pai do jornalista enviou uma nota, publicada pelo portal Grayzone, na qual afirmou que o filho foi submetido a uma morte propositalmente lenta. Ele afirmou ainda que a morte se deu com anuência do presidente americano, Joe Biden.

"Não posso aceitar a forma como meu filho morreu. Ele foi torturado, extorquido, [ficou] incomunicável durante 8 meses e 11 dias, e a embaixada dos EUA nada fez para ajudar o meu filho. A responsabilidade desta tragédia é do ditador [Vladimir] Zelensky, com a concordância de um presidente americano senil, Joe Biden", disse o pai do jornalista, Gonzalo Lira Senior.

Em uma carta escrita à mão, obtida e divulgada pelo jornalista Alex Rubinstein, Lira pede que informem sua irmã de sua condição na prisão, e relata negligência das autoridades prisionais e de Justiça diante da deterioração de seu quadro de saúde.
Carta escrita pelo jornalista Gonzalo Lira, preso pelo regime de Kiev
"Avisem a minha irmã: Tive pneumonia dupla (ambos os pulmões), além de pneumotórax e um caso muito grave de edema (inchaço). Tudo isso começou em meados de outubro, mas foi ignorado pela prisão, em uma audiência em 22 de dezembro. Estou prestes a passar por um procedimento para reduzir a pressão do edema em meus pulmões, que está me causando extrema falta de ar, a ponto de desmaiar após atividades mínimas, ou mesmo apenas falar por dois minutos."
Gonzalo Lira morava na Carcóvia junto com a família e usava seu canal no YouTube para divulgar notícias sobre o conflito ucraniano. Ele ganhou notoriedade por suas análises críticas sobre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e por denunciar a ascensão do neonazismo em Kiev.
Em 5 de maio de 2023, ele foi preso pelo regime de Kiev, acusado de divulgar desinformação, insultar militares ucranianos e fazer propaganda para o governo russo. Ele chegou a ser preso antes, em abril, pelas mesmas acusações, mas na época foi liberado, após repercussão global do caso.
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