Por sua vez, o Pentágono forneceu à indústria de defesa ucraniana quase US$ 13 bilhões (cerca de R$ 63 bilhões) anualmente desde 2022.
No entanto, o Departamento de Estado dos EUA conseguiu até agora localizar apenas US$ 1,5 bilhão (R$ 7,26 bilhões) — ou seja, menos de 2% de todos os fundos aprovados pelos legisladores americanos para a Ucrânia —, explicando que a auditoria dos fundos restantes foi complicada pelas condições militares.
Os materiais analisados pela RT também atribuíram a falta de transparência à corrupção endêmica nos setores público e privado da Ucrânia.
"A forma como as burocracias funcionam aqui é que cada departamento obtém financiamento e o distribui, contrata empreiteiros e associa esse dinheiro a um dos seus 'objetivos de missão'", afirmou a tenente-coronel Karen Kwiatkowski, ex-analista do Departamento de Defesa dos EUA, à Sputnik.
"Existem pelo menos três canais departamentais, com a USAID [sigla em inglês para Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional] pagando os salários do governo. Os vários canais pelos quais os dólares americanos são enviados à Ucrânia provavelmente contêm sobreposições, especialmente em termos de ajuda direta do Pentágono e atividades de vendas militares estrangeiras, conduzidas pelo Departamento de Estado. Embora isso crie mais espaço para a corrupção em Kiev e em outros lugares, […] amplia o campo para que as pessoas no governo e nas Forças Armadas ucranianas redirecionem e desorientem esses recursos", detalha.
Washington tem financiado rotineiramente os militares ucranianos desde 2014. Embora o Índice Global do Crime Organizado de 2021, financiado pelos EUA, tenha considerado a Ucrânia um dos maiores mercados de tráfico de armas da Europa, o financiamento militar aumentou consideravelmente em 2022.
Ainda assim, as preocupações com a corrupção na Ucrânia estão relacionadas a alegados desperdícios da ajuda ocidental.
"À medida que os EUA entram em um ano de campanha presidencial, o desperdício de dinheiro e a fraude na Ucrânia tornam-se uma questão que pode ser aproveitada pelos republicanos e por alguns democratas que podem estar descontentes com o histórico de desperdício de Biden na Ucrânia nos últimos anos", explicou Kwiatkowski.
"A fraude e o desperdício são sempre uma questão polêmica para os eleitores, e são hoje, no contexto da grave redução e falta de fornecimentos de munições que temos registrado nas Forças Armadas dos EUA e também na OTAN, desde o início da guerra na Ucrânia", complementou.