Notícias do Brasil

Lula define combate ao 'anacronismo das instituições de governança global' como meta do G20

Em discurso durante uma reunião preparatória do G20, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a definir as metas que espera alcançar no G20 durante a presidência brasileira do evento global, que reúne as nações que representam 80% do produto interno bruto (PIB) e 60% do PIB mundial.
Sputnik
A reunião, que ocorreu nesta quarta-feira (13), reuniu os representantes dos líderes dos países — conhecidos como Sherpas —, vice-ministros de Finanças e representantes dos bancos centrais das nações que compõem o G20.
Segundo o presidente, o mandato brasileiro da Cúpula do G20 estruturará três eixos de ação: a inclusão social e o combate à fome e à pobreza; o desenvolvimento sustentável e a transição energética; e a reforma das instituições de governança global.
Panorama internacional
Brasil na presidência do G20 traz ascensão de 'países periféricos' em questões globais, diz analista
No primeiro eixo, Lula afirmou que vai criar a força-tarefa Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, baseada em três pilares: o primeiro a nível nacional, que implementará políticas públicas de efetividade já comprovada; um financeiro, que mobilizará recursos externos para essa implementação; e um pilar técnico, que estimulará a cooperação entre as nações.

"É inadmissível que um mundo capaz de gerar riquezas da ordem de US$ 100 trilhões (R$ 496 trilhões) por ano conviva com a fome de mais de 735 milhões de pessoas e a pobreza de mais de 8% da população", afirmou Lula.

Já no eixo de desenvolvimento sustentável, Lula criará uma força-tarefa de combate às mudanças climáticas, que promoverá a elaboração de planos nacionais de transformação ecológica e estímulo à bioeconomia. O presidente também deu destaque às tecnologias de inteligência artificial.

"O mundo não pode repetir, no tratamento da inteligência artificial, a divisão entre países responsáveis e irresponsáveis que uma vez marcou as discussões sobre desarmamento e não proliferação."

Uma nova governança global

Em seu terceiro eixo, Lula defendeu uma mudança radical nos sistemas de governança política e financeira mundial, pedindo a abertura de mais assentos no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial.
"Queremos enfrentar com seriedade o debate sobre o anacronismo das instituições de governança global, que já não têm representatividade", afirmou.
Quando constituído, os cinco-membros do CSNU representavam 10% dos membros da Organização das Nações Unidas (ONU). Hoje, representam apenas 2,5%, apontou Lula. Já o FMI e o Banco Mundial contavam com 12 cadeiras para um total de 44 países-membros. Atualmente, as instituições têm cada uma 25 assentos para um total de 190 países. "Se mantida a proporção original, esses órgãos deveriam contar, hoje, com 52 cadeiras — o dobro de seu tamanho atual."
Notícias do Brasil
'Vamos aprender a negociar sem o dólar como moeda padrão', diz Lula em evento do BNDES
Para o presidente, no entanto, a representatividade dentro da gerência desses órgãos institucionais não é suficiente. É preciso mudar no cerne a forma como atuam.
Em seu discurso, Lula destacou que 3,3 bilhões de pessoas vivem em países que destinam mais recursos para o pagamento de dívidas do que para investimentos em educação e saúde. "Isso constitui uma fonte permanente de instabilidade política."

"Soluções efetivas pressupõem que os devedores, sejam eles de renda baixa ou média, possam se sentar à mesa para resguardar suas prioridades nacionais."

Notícias do Brasil
Não é possível que Bretton Woods continue funcionando como se nada estivesse acontecendo, diz Lula
Comentar