Panorama internacional

Uruguai assina acordo de 'ampla parceria estratégica' com a China em meio a incerteza com Mercosul

As negociações para um potencial acordo de livre comércio são um dos objetivos da visita de Lacalle Pou ao país asiático dos dias 20 a 24 deste mês. O Uruguai se prepara, neste momento, para aprofundar relação com Pequim, destaca a mídia chinesa.
Sputnik
Em uma visita do presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, à China, Montevidéu e Pequim concordaram nesta quarta-feira (22) em melhorar os laços e estabelecer "uma parceria estratégica abrangente" durante uma reunião na capital chinesa, segundo o canal CGTN.

"Atualmente, o aprofundamento dos laços bilaterais está se tornando cada vez mais o consenso em nossos dois países […] tenho o prazer de anunciar convosco [...] o estabelecimento de uma parceria estratégica abrangente", disse presidente Xi Jinping durante reunião com seu homólogo uruguaio hoje (22).

O presidente uruguaio propôs um acordo de livre comércio com a China pela primeira vez em 2021, conforme noticiado. O intuito era garantir aos seus exportadores oportunidades semelhantes às desfrutadas por Chile, Costa Rica, Equador e Peru, e para aumentar exportações uruguaias de matérias-primas, bens industriais e tecnologia.
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No entanto, Lacalle Pou enfrenta oposição de outros membros do bloco Mercosul que pretendem, em vez disso, estabelecer um acordo de livre comércio com a Europa ou negociar com Pequim dentro do bloco.
Nos primeiros dias de seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ao Uruguai para restabelecer contatos com o país que foram distanciados durante o governo Bolsonaro, não só pela gestão em si, mas pela falta de importância que o governo anterior dava ao Mercosul.
Contudo, Lacalle Pou mostrou resistência à retomada de acordos entre países sul-americanos, como o renascimento da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Sobre o Mercosul, o presidente disse em maio que "muitos sabem que nossa posição não é de satisfação com o que tem feito com o Mercosul", conforme noticiado.
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Em declarações não oficiais, o presidente indicou que Montevidéu estava mais interessado em acordos bilaterais do que os que passavam pelo bloco sul-americano.

A não prioridade uruguaia e a vitória de Javier Milei na Argentina podem colaborar com o enfraquecimento do Mercosul, uma vez que o futuro presidente argentino já manifestou ser contra a presença de Buenos Aires no bloco e em outros organismos como o BRICS. O Mercosul é composto por Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai.

O anúncio desta quarta-feira (22) eleva os laços do Uruguai com a China a um nível de igualdade com o Brasil e a Argentina, segundo uma análise feita pela agência Reuters.
A China foi o maior parceiro comercial do Uruguai, com US$ 7,44 bilhões (R$ 36,3 bilhões) em comércio bilateral em 2022, um aumento de 14,9% em relação ao ano anterior.
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