Panorama internacional

Em busca frenética por energia, Scholz corteja África após 'rude despertar' sobre aliados, diz mídia

O chanceler alemão, Olaf Scholz, fará neste fim de semana sua terceira visita à África subsaariana em dois anos em busca "sedenta" por fornecedores de energia, principalmente após estourar outro conflito no Oriente Médio, escreve agência britânica.
Sputnik
Na visita, Scholz vai à Nigéria, forte produtor de energia na região, bem como Gana. Grande parte do ímpeto para a viagem veio da constatação de que a Alemanha — e a Europa — precisam da África mais do que pensavam, disse o legislador do Partido Verde alemão, Anton Hofreiter, de acordo com a Reuters.

"As pessoas perceberam que precisávamos de aliados contra a invasão da Ucrânia pela Rússia e, de repente, percebemos que eles não estavam necessariamente do nosso lado […]. Foi um rude despertar", afirmou Hofreiter.

O petróleo, por exemplo, é o maior produto de exportação da Nigéria para a Alemanha, e as autoridades estão considerando adicionar gás a essa mistura.
No entanto, para que isso aconteça, seria necessário analisar o subinvestimento crônico no setor energético da Nigéria — algo que a delegação empresarial ainda não identificada, que acompanhará Scholz, poderá ser capaz de ajudar a resolver.
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Ao mesmo tempo, Berlim enxerga a Nigéria — com uma população de 200 milhões — e Gana — com 30 milhões — como as fontes de mão de obra de que a Alemanha tanto necessita, à medida que a sua própria população envelhece cada vez mais fora da força de trabalho.

"Especialmente Gana, há especialistas em TI que as empresas alemãs de médio porte estão desesperadas para conseguir", disse Stefan Liebing, consultor e ex-diretor da Associação Empresarial Alemã-Africana.

Para Scholz — que está sob pressão interna de críticos que dizem que ele não está conseguindo lidar com a escala da migração ilegal —, a viagem será também uma oportunidade para avançar o seu argumento de que a criação de oportunidades econômicas nos países de origem é a melhor forma de reduzir os fluxos migratórios.
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No ano passado, a Alemanha devolveu vários dos Bronzes do Benim, esculturas do reino do Benim, na atual Nigéria, gesto este visto como uma tentativa de ganhar favores em um continente onde a raiva pelos crimes coloniais europeus ainda arde.

Desde que a operação russa na Ucrânia começou, a União Europeia, em conjunto com os Estados Unidos, optou por travar um grande embargo econômico contra Moscou, aplicando centenas de sanções econômicas e deixando de ter a Rússia como seu principal fornecedor de energia, especialmente no caso da Alemanha.

Até agora, países europeus se veem em dificuldade para substituir o envio russo de gás, com Washington ganhando vantagem, uma vez que, em breve, os EUA serão o maior fornecedor de gás natural liquefeito para Berlim, conforme noticiado.
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