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Após meses de tensão, Campos Neto diz que Lula tem paciência para diálogo e Bolsonaro '3 minutos'

Depois de um longo período "enviando recados", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o do Banco Central, Roberto Campos Neto, se encontraram pela primeira vez na semana passada para uma reunião a fim de encontrar um caminho.
Sputnik
O encontro no Palácio do Planalto com Lula durou uma hora e meia e Campos Neto disse que, nesta reunião, ouviu mais do que falou. Anteriormente, devido ao nível de irritação com o chefe do BC por não baixar a taxa de juros, Lula havia se dirigido a Campos Neto como "aquele cidadão" e "esse rapaz".
Contudo, em uma aparente aproximação, o chefe do BC disse em entrevista ao Conversa com Bial que Lula é melhor ouvinte do que o ex-presidente, Jair Bolsonaro, segundo o UOL.
"Eu só conversei com Lula duas vezes. Uma no final do ano passado [durante o governo transição] e agora mais recentemente. Lula gasta mais tempo prestando atenção no que você fala e dedica mais tempo, tem mais paciência para as conversas. Bolsonaro era mais rápido. Eu sempre sabia que, quando tinha uma conversa com Bolsonaro, eu tinha três minutos para falar alguma coisa. Depois ia ser mais difícil porque ele ficava mais disperso", relatou.
O presidente do BC disse que aprendeu a identificar e a se comunicar de acordo com a característica de cada um deles: "Achei que, desta vez, era mais importante ouvir mais e falar menos", disse ele, que foi muito criticado por Lula durante todo o ano por demorar a iniciar os cortes da taxa básica de juros.
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Apesar das relações mais apaziguadas, Campos Neto pontuou que o governo Lula é uma administração com uma visão diferente sobre como lidar com as questões em relação ao anterior.
"É um governo que, por construção, tem pessoas que pensam de forma diferente, mas estão tentando chegar num lugar-comum, que é melhorar a vida dos brasileiros. Obviamente, a gente não vai pensar igual em tudo, mas a gente está bem alinhado. A gente sempre esteve bem alinhado", continuou Campos Neto, acrescentando que, no início do mandato, havia mais ruído entre as partes, mas que o tempo se mostrou como o melhor remédio.
De acordo com o economista, há um consenso de que não se consegue fazer o país crescer de forma sustentável apenas com o governo e que é possível ter "um equilíbrio bastante saudável entre o social e o fiscal". "Como fazer isso de forma eficiente? Essa é a chave da questão", complementou Campos Neto.
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