Panorama internacional

Economistas americanos acreditam que desdolarização da economia mundial é uma 'tendência clara'

O domínio indiscutível dos EUA está diminuindo, embora seja improvável que as nações em todo o mundo recusem o dólar no futuro próximo, a tendência é clara, alertou o think tank Responsible Statecraft, com sede em Washington.
Sputnik
A tendência de desdolarização parece ser imparável, pois os países do mundo têm se esforçado para reduzir sua dependência do dólar, conclui um think tank de Washington, culpando o desenvolvimento e uso da moeda dos EUA como uma arma.
O think tank observou que o processo de "desdolarização" está ganhando força, com os países do Sul Global buscando alternativas ao dólar. Os estudiosos dos EUA referem-se às estatísticas mundiais que indicam que a parcela das reservas globais mantidas em dólares americanos contraiu de 73% em 2001 para 58% em 2023.
A tendência ganhou força desde a decisão do governo Biden de aplicar sanções abrangentes à Rússia e desconectá-la do sistema financeiro global, segundo os estudiosos. A decisão de Washington abalou muitas economias emergentes, levando-as a buscar alternativas, dizem eles.
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No mês passado, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, admitiu que a política de Washington de impor sanções a seus rivais em todo o mundo poderia enfraquecer o domínio do dólar.

"Existe o risco, quando usamos sanções financeiras ligadas ao papel do dólar, que, com o tempo, possa minar a hegemonia do dólar", disse Yellen à CNN no dia 16 de abril.

Yellen continuou dizendo que a guerra econômica de Washington "cria um desejo por parte da China, da Rússia e do Irã de encontrar uma alternativa" à moeda americana.
Ao mesmo tempo, a secretária do Tesouro argumentou que o armamento do dólar é "uma ferramenta extremamente importante" e que "[não seria] fácil para outros países encontrar uma alternativa com as mesmas propriedades".
Desafiando a postura de Yellen, o think tank chamou a atenção para o fato de que o uso do dólar como um "instrumento contundente de estadismo" está dando aos aliados e rivais dos EUA "uma abertura para procurar mecanismos alternativos de liquidação".
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Para ilustrar seu argumento, os estudiosos se referiram à Rússia e à França vendendo seu gás natural em yuan chinês. A China e o Brasil também mudaram para acordos financeiros em yuan, enquanto os países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) estão iniciando uma discussão sobre o estabelecimento de uma moeda unificada. "E a lista continua e continua", destacou o think tank da DC.
Os pesquisadores alertam que as amplas sanções de Washington cobrem atualmente 29% da economia global, com 40% das reservas globais também sob restrições dos EUA. Além das políticas de sanções dos EUA, o Federal Reserve (Fed) elevou substancialmente as taxas de juros em um momento em que muitos países em desenvolvimento têm suas dívidas externas em dólares, e commodities muito necessárias, como matérias-primas e alimentos, são cotadas em dólares. Isso adiciona ainda mais combustível ao fogo da desdolarização.
Quer os EUA queiram ou não, a tendência de desdolarização está em andamento, e a única saída para Washington é participar da reestruturação global do sistema monetário "por consenso" com o mundo em desenvolvimento, insistem os estudiosos. Caso contrário, os EUA vão enfrentar "o declínio não gerenciado da hegemonia econômica dos EUA", o que pode levar a consequências desastrosas.
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