Panorama internacional

Turquia manterá laços com a Rússia com ou sem Erdogan, prevê mídia

Após falar com acadêmicos e politólogos, a agência britânica Reuters concluiu que, se Erdogan perder as próximas eleições, a Turquia seguiria uma orientação mais pró-ocidental, mas sem descurar as relações com a Rússia.
Sputnik
Ancara deve manter relações fortes com a Rússia independentemente do resultado das eleições na Turquia neste mês, avaliou na sexta-feira (5) a agência britânica Reuters, que citou analistas.
Em 14 de abril serão realizadas eleições presidenciais e parlamentares na Turquia. As pesquisas de opinião indicam uma vantagem para o opositor Kemal Kilicdaroglu, apesar de todas as mudanças possíveis até o dia da votação, e apesar de os números não significarem necessariamente uma vitória para ele no dia da votação. Acredita-se que uma vitória de Kilicdaroglu mudará o rumo da Turquia para uma posição mais pró-ocidental.
No caso de nenhum dos candidatos obter uma maioria de votos, haverá um segundo turno em 28 de abril.
Como referiu a Reuters, Ancara tem tentado um equilíbrio diplomático entre Moscou e Kiev desde o começo da operação militar especial da Rússia em 24 de fevereiro de 2022. A Turquia se opõe às sanções ocidentais contra a Rússia e tem laços estreitos com ambos os vizinhos do mar Negro, mas também critica a ação militar da Rússia e enviou drones de combate para a Ucrânia.
Ao mesmo tempo, a Turquia e a Rússia têm reforçado suas relações econômicas, com a assinatura de vários acordos comerciais em agosto de 2022. A mídia mencionou ainda a abertura em abril da primeira usina nuclear turca, construída pela empresa estatal russa Rosatom. A cerimônia contou com a participação de Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan, presidentes da Rússia e da Turquia, respectivamente. O primeiro disse que o projeto ajudou a "fortalecer a parceria multifacetada entre nossos dois Estados".
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Como a Turquia enfrenta desafios da política externa estando entre Rússia e EUA?
"A Turquia não pode deixar a Rússia de lado, ela é um vizinho poderoso e temos fortes laços econômicos e comerciais que estão diretamente relacionados aos nossos interesses nacionais", destacou Fatih Ceylan, diretor do Ankara Policy Centre, um think tank sediado na capital turca.
Se Kilicdaroglu tirar o cargo a Erdogan, a Turquia promoverá as relações tanto com a Rússia como os EUA e reduzirá sua "dependência energética" da primeira de 50% para 30%, segundo Ahmet Erozan, vice-chefe do partido IYI, parte de uma aliança opositora de seis partidos. O próprio Kemal Kilicdaroglu prometeu uma "continuação sólida e confiável das relações entre a Turquia e a Rússia" se sair vencedor.
Na opinião de Birgul Demirtas, professora de relações internacionais da Universidade Turco-Alemã de Istambul, Turquia, Ancara também lutaria pela adesão à União Europeia (UE) e aos seus valores, mas mesmo após a nova política ser "ancorada na orientação para o Ocidente", ela exigiria igualdade "nas relações internacionais da Turquia com todos os atores internacionais, inclusive a UE, os EUA e a Rússia".
De acordo com os analistas referidos pela Reuters, a abordagem da Turquia é motivada pela "crise econômica severa", que forçou Erdogan a melhorar relações com países como os Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Israel, e também atualmente com o Egito e a Síria.
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