O governo Biden está mantendo discussões indiretas com o Irã sobre uma possível troca de prisioneiros conjunta à liberação de fundos, em uma tentativa de garantir a libertação de cidadãos norte-americanos presos na República Islâmica. A negociação estaria contando com a intermediação do Catar e do Reino Unido, segundo quatro fontes familiarizadas com o assunto e ouvidas pela NBC News.
Do lado norte-americano, seria receber compatriotas que estão no país persa, do lado iraniano, seria os Estados Unidos descongelarem bilhões de dólares em fundos em bancos sul-coreanos atualmente bloqueados por sanções estadunidenses.
Entretanto, Teerã só poderia usar o dinheiro para a compra de alimentos, remédios ou outros fins humanitários, de acordo com as sanções existentes contra o país persa.
Na estratégia, o Catar entraria supervisionando a transferência, relata a mídia. Este mês, o ministro das Relações Exteriores do catariano, Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, se encontrou com seu homólogo iraniano, Hossein Amir-Abdollahian.
Durante a reunião, a delegação do Catar "transmitiu mensagens dos EUA aos iranianos que incluíam pontos sobre a libertação de prisioneiros", disse uma fonte com conhecimento das negociações.
Também neste mês, Amir-Abdollahian declarouo que estão em andamento discussões sobre uma possível troca de prisioneiros com terceiros ajudando a transmitir mensagens. O chanceler afirmou que um "funcionário do Reino Unido" estava agindo como um "representante" dos EUA nas negociações, segundo a mídia.
"O representante em questão esteve no Irã nas últimas semanas e atualizamos o acordo que tínhamos em março. Estamos prontos para trocar nossos prisioneiros, mas há medidas técnicas que precisam ser tomadas pelos americanos. Estamos aguardando as providências técnicas a serem tomadas", disse.
Questionado sobre possíveis negociações indiretas, o governo Biden sugeriu que possui métodos para transmitir mensagens ao Irã.
"Como dissemos, temos maneiras de nos comunicar com o Irã sobre questões preocupantes, inclusive sobre a questão da libertação de cidadãos americanos detidos injustamente no Irã. Esses canais permanecem abertos, mas não vamos detalhá-los. Continuamos comprometidos em garantir a liberdade de todos os cidadãos americanos que continuam detidos injustamente no exterior, incluindo Siamak Namazi, Emad Shargi e Morad Tahbaz […]", disse o Departamento de Estado em uma declaração citada pela mídia.
Com Washington e Teerã cada vez mais em desacordo sobre o avanço do acordo nuclear, protestos que explodiram no país persa e a aproximação entre Irã e Rússia, a janela para negociações sobre uma troca de prisioneiros pode fechar em breve, à medida que as tensões aumentam nos próximos meses, alertaram especialistas e defensores dos norte-americanos presos.