Panorama internacional

Burkina Faso ordena 'suspensão imediata' da imprensa francesa após acusação de desinformação

A Rádio França Internacional (RFI), veículo de imprensa estatal da França, teve suas operações suspensas em Burkina Faso após, segundo as autoridades do país, instar uma tentativa de golpe contra o governo.
Sputnik
Burkina Faso ordenou neste sábado (3) "a suspensão imediata e até novo aviso" da RFI, acusando-a de ter transmitido uma "mensagem de intimidação" atribuída a um "líder terrorista", anunciou o porta-voz do governo, segundo apuração do Le Figaro.
A rádio pública francesa é notavelmente acusada de ter transmitido "informações falsas" ao evocar uma tentativa de golpe contra o capitão Ibrahim Traoré, chefe de Estado desde setembro passado.
No início desta semana, forças terroristas ligadas à Al-Qaeda (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) divulgaram um vídeo ameaçando atacar aldeias defendidas por Voluntários para a Defesa da Pátria (VDP), auxiliares civis do Exército de Burkina Faso.
Soldado do Exército de Burkina Faso
Ao transmitir esta mensagem, a rádio pública francesa "contribui para uma manobra desesperada de grupos terroristas", indica um comunicado de imprensa assinado pelo porta-voz, Jean Emmanuel Ouedraogo.
O governo de Burkina Faso critica ainda a RFI por ter publicado "informações falsas", lembrando que, "no dia 3 de novembro, o governo já havia manifestado sua indignação com a atitude tendenciosa dos jornalistas deste meio de comunicação e sua propensão a desacreditar a luta em que o povo de Burkina Faso está engajado".
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Golpe militar: líder de Burkina Faso é deposto e Constituição é suspensa

Na noite de 30 de setembro, a mídia local informou que um grupo militar liderado pelo capitão Ibrahim Traore anunciou a deposição do tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, chefe do governo interino do país, a suspensão da Constituição do país, a dissolução do governo e o fechamento de fronteiras.
Os militares, que reivindicaram sua fidelidade ao Movimento Patriótico de Salvaguarda e Restauração (MPSR), acusaram Damiba de se desviar dos ideais do movimento.
Ibrahim Traore informou que os oficiais que lideram o golpe decidiram tirar Damiba do poder porque ele não conseguiu lidar com um levante armado de militantes islâmicos no país.
Isso marca a segunda tomada de poder pelos militares em Burkina Faso em oito meses.
Em 24 de janeiro, o MPSR, liderado por Damiba, tomou o poder no país e depôs o então presidente Roch Marc Christian Kabore. O grupo dissolveu o governo e suspendeu a Constituição, mas depois decidiu restaurá-la. Desde então, o MPSR tem sido a junta militar governante de Burkina Faso.
Em outubro, o Ministério das Relações Exteriores francês negou envolvimento do país nos eventos ocorridos após a nova tomada militar em Burkina Faso, em meio a alegações de que o líder deposto Paul-Henri Sandaogo Damiba buscou refúgio em uma base militar francesa.
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Ministério das Relações Exteriores da França nega envolvimento em eventos em Burkina Faso
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