Os EUA não deram à Rússia respostas à pergunta sobre a razão do programa biológico na Ucrânia ter sido supervisionado por uma agência militar, disse Vasily Nebenzya, representante permanente da Rússia na ONU, em uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O Conselho de Segurança se reuniu na quinta-feira (27) para discutir as atividades biomilitares dos EUA na Ucrânia. Um porta-voz da ONU disse que a organização não tinha mandato nem capacidade técnica para verificar as informações, enquanto Linda Thomas-Greenfield, representante permanente dos EUA na ONU, acusou Moscou de desinformação. Segundo ela, os EUA só têm apoiado a Ucrânia em pesquisa científica na área da saúde pública.
"Hoje tentam nos convencer de que a cooperação entre os EUA e a Ucrânia na área biológica é exclusivamente pacífica", apontou Nebenzya.
"Mas respondam a uma pergunta simples: por que o lado americano é supervisionado pelo departamento militar, o Pentágono e seus numerosos contratantes? Se vocês realmente estudassem o conjunto de documentos que fornecemos, vocês teriam visto cópias de acordos e escrituras de trabalho que foram assinados por representantes dos departamentos militares de ambos os lados", disse Nebenzya.
Ele expressou não entender "que tipo de cooperação humanitária" o Departamento de Defesa dos EUA poderia realizar na Ucrânia. Moscou também está "divertida" pela negação do Escritório para Assuntos de Desarmamento do Secretariado da ONU, que supostamente confirma a ausência de atividades biomilitares dos EUA na Ucrânia, acrescentou o representante permanente russo.
"Vocês realmente acham que somos tão ingênuos, que supõem que o Pentágono informaria ao Escritório para Assuntos de Desarmamento do Secretariado da ONU sobre seus programas secretos biomilitares na Ucrânia?", perguntou Vasily Nebenzya.
Em março, Victoria Nuland, vice-secretária de Estado dos EUA, foi questionada em uma audiência no Senado do país se a Ucrânia possuía armas químicas ou biológicas.
"A Ucrânia tem instalações de pesquisa biológica com as quais, na verdade, estamos bastante preocupados, pela possível tentativa das forças russas de obter seu controle", respondeu Nuland, adicionando que Washington está em contato com os ucranianos para encontrar uma solução e "impedir que qualquer um desses materiais de pesquisa caia nas mãos das forças russas".
Igor Kirillov, chefe das Tropas de Defesa Radiológica, Química e Biológica das Forças Armadas russas, relatou que na Ucrânia foi formada uma rede de mais de 30 laboratórios biológicos, que trabalhava no interesse do Pentágono. O programa biomilitar dos EUA foi retirado da Ucrânia após o início da operação militar especial da Rússia, continuou ele.