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Eleições no Brasil ensinam progressistas a usar redes sociais, diz deputado André Janones

O desenvolvimento da campanha presidencial, que no próximo domingo (30) definirá o novo presidente do Brasil, está ensinando o progressismo a debater nas redes sociais além do resultado final, segundo opinou o deputado federal André Janones (Avante-MG), em entrevista exclusiva ao repórter Ramiro Barreiro, da Sputnik.
Sputnik

"O que vejo de positivo, além da vitória de Lula que se aproxima, é o crescimento do campo progressista, da esquerda em geral, que está aprendendo a responder com dignidade a essa extrema-direita, principalmente pelas redes sociais", diz ele, que desistiu de concorrer à Presidência e optou pelo apoio ao candidato petista. "Se antes corríamos atrás deles, do que eles ditavam como diretriz e do que tinha que ser discutido, hoje a coisa se inverteu. Somos nós, por exemplo, que estamos dizendo hoje que Bolsonaro quer reduzir os valores reais do salário mínimo. E é ele quem tem que ir às redes sociais e à televisão para discutir isso. Acho que é a primeira vez que estamos entendendo que o foco é quem orienta quem", prossegue.

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O parlamentar, que abandonou a própria corrida presidencial no início de agosto para apoiar o ex-presidente Lula (2003-2010), integrou-se totalmente à equipe de campanha do PT, partido do qual fez parte entre 2003 e 2015, e logo se tornou uma referência para a sigla nas redes sociais.

"Tem muita gente que hoje está do lado do ex-presidente Lula e que discorda dele em praticamente tudo do ponto de vista programático, econômico e ideológico, mas está com Lula para poder continuar discordando, para que a política, o debate, continuem, e essa é a essência da democracia", responde quando questionado sobre o apoio arrecadado pelo ex-metalúrgico após o primeiro turno.

Por isso, Janones entende que o que o Brasil está discutindo esta semana não é apenas quem será o próximo presidente da República, mas a continuidade ou não de um regime democrático.

"Não é que dormimos tendo uma democracia e acordamos tendo uma ditadura. A instalação de um regime ditatorial tem etapas e o golpe já começou, a prova está acontecendo: nos últimos dias Bolsonaro, diante de uma derrota óbvia, tenta para criar fatores, notícias falsas, para atrapalhar o processo eleitoral", afirma.

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Redes e política

André Janones nasceu em 5 de maio de 1984 em Ituiutaba, uma das dez cidades que compõem o chamado Triângulo Mineiro.
Sua família é de origem humilde: sua mãe, Divina Gaspar Janones, era dona de casa e seu pai, André Luis Gaspar Janones, deficiente.
Ele estudou a vida toda na rede pública e seu primeiro emprego foi como motorista de ônibus.
Na época, conseguiu uma bolsa de 50% para cursar Direito na Fundação Educacional de Ituiutaba (FEIT), hoje Universidade do Estado de Minas Gerais.
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Foi assim que conseguiu ingressar no sistema judiciário, primeiro como escriturário, depois como advogado pro bono, até fundar seu próprio escritório.
Esse contato com a sociedade lhe renderia uma carreira política que, hoje, se encontra em seu ápice.
Em 2018, quando se manifestou a favor da greve dos caminhoneiros que paralisou o país, descobriu que as redes sociais podem ser uma ferramenta eficiente de protesto.
Nesse mesmo ano, Jair Bolsonaro se tornou presidente em uma eleição em que 45% dos votos foram influenciados pelas redes sociais, segundo estudo do Instituto Data Senado.

"Os princípios democráticos não são compatíveis com a lógica das redes sociais, porque a democracia prevê debates, discussões, e os processos ditatoriais não: mandam compartilhar isso agora, e aquilo é mentira para todos", diz.

E complementa: "Depois de dois dias em que a democracia pode chegar a um consenso, nas redes já é antigo e as notícias falsas se espalharam pelo país. Há uma dificuldade em contemplar princípios democráticos com as redes sociais, que funcionam no velocidade da luz... Como se resolve isso? Não tenho a solução, essa é a pergunta de um milhão de dólares", admite.
No entanto, Janones parece estar perto dessa resposta. No Twitter, ultrapassa os 610 mil seguidores; na rede social Instagram, dois milhões; e no seu favorito Facebook (essas duas banidas na Rússia por serem extremistas), ele atinge mais de oito milhões de contas.

"Independentemente do resultado de domingo e além da grande vitória de Lula, seria uma ilusão acreditar que o bolsonarismo morre no dia 30 de outubro. O bolsonarismo, infelizmente, continuará vivo e as consequências dos danos que causaram à democracia levarão algum tempo, anos para desaparecer. Vamos ter que continuar esse trabalho nas redes sociais, na Câmara dos Deputados, no Senado, na sociedade, para resgatar a verdade e fortalecer a democracia", conclui.

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