Panorama internacional

Cerca de 1.900 trabalhadores portuários do Reino Unido iniciam greve de 8 dias por salários

O início da ação sindical dos trabalhadores de Felixstowe se segue a uma infinidade de greves de milhares de trabalhadores do setor de transporte no Reino Unido, que reivindicam melhores salários à medida que a crise do custo de vida se agrava.
Sputnik
Cerca de 1.900 trabalhadores do maior porto de contêineres do Reino Unido iniciaram uma greve de oito dias depois de receber uma oferta salarial "significativamente abaixo" da taxa de inflação da empresa que opera Felixstowe.
O porto de Suffolk, na costa leste, movimenta 48% do comércio de contêineres, com os transportadores alertando que a greve vai ter "um enorme impacto" na cadeia de suprimentos, informou a agência de notícias PA.
Representados pelo sindicato Unite, o maior sindicato do Reino Unido, os trabalhadores alertaram para a ação em julho. Na época, o diretor nacional para os cais da Unite, Bobby Morton, insistiu que "esta disputa é inteiramente criada pela própria empresa", depois que a Felixstowe Dock and Railway falhou em "fazer uma oferta justa aos nossos membros".
Vergonha para o Porto de Felixstowe, milhões no banco. No entanto, um corte salarial para estivadores. Unite diz que de jeito nenhum! Apoie a Greve. Apoie os estivadores que defendem as condições de pagamento da categoria. Em greve a partir de hoje (21) por oito dias. Compartilhe suas mensagens de solidariedade.
"Os números mais recentes mostram que em 2020 ela obteve £ 61 milhões [cerca de R$ 373 milhões] em lucros. Sua empresa-mãe, CK Hutchison Holding Ltd., é tão rica que, no mesmo ano, distribuiu £ 99 milhões [aproximadamente R$ 605,5 milhões] a seus acionistas. Então, eles podem dar aos trabalhadores de Felixstowe um aumento salarial decente. Está claro que ambas as empresas priorizaram a entrega de lucros e dividendos de muitos milhões de libras em vez de pagar a seus trabalhadores um salário decente", disse a secretária-geral da Unite, Sharon Graham.
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O porta-voz do porto, Paul Davey, disse à mídia que os trabalhadores rejeitaram uma oferta muito razoável.
"Os 7% mais £ 500 [cerca de R$ 3.056] significam que este ano é um aumento entre 8,1% e 9,6% dependendo da categoria do trabalhador no porto, e acho que em um momento em que o aumento salarial médio no país é de 5% – nós temos uma economia em contração, estamos entrando em recessão – como país, acho que é uma oferta muito justa", afirmou Davey.
"O porto oferece emprego seguro e bem pago e não haverá vencedores nessa ação sindical desnecessária", disse o porto de Felixstowe em seu comunicado oficial.

'Novo normal'

O Unite alertou que a paralisação no porto provavelmente interromperia significativamente as cadeias de suprimentos e a logística, mas os temores foram minimizados por uma fonte do porto. As greves vão ser uma "inconveniência, não uma catástrofe", disse a fonte ao canal.
"A interrupção é o novo normal. A cadeia de suprimentos passou de 'na hora exata para assim que possível'", disse a fonte.
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A operadora de tráfego da empresa de transporte Openultra Haydyn Rowlandson acrescentou que a coleta de entregas de outros portos acarretaria custos adicionais para os clientes.
James Hookham, diretor do Global Shippers Forum, enfatizou que eles estão entrando na "temporada de pico" para os movimentos de bens de consumo no comércio internacional do Reino Unido e uma greve prolongada "tem o potencial de interromper as cadeias de suprimentos do consumidor do Reino Unido em um período crítico".
A atual ação sindical vem na esteira de uma greve dos trabalhadores do transporte que praticamente paralisou a operação do metrô de Londres na sexta-feira (19).
As greves também afetaram os trens de superfície, bondes e ônibus, já que o Reino Unido enfrenta uma onda de greves devido à inflação recorde no país. A inflação anual subiu para uma nova alta de 40 anos, de 9,4% em junho para 10,1% em julho, de acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas do Reino Unido. O Banco da Inglaterra também emitiu o terrível aviso de que o país vai entrar em recessão nos três últimos meses deste ano, quando a inflação deve atingir mais de 13%.
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