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Rede 5G será tão revolucionária quanto lançamento da Internet e dos smartphones, diz especialista

O 5G será ativado no Brasil oficialmente na próxima quarta-feira (6), no Distrito Federal. Mas, afinal, a implementação desse novo sinal é satisfatória? A Sputnik Brasil conversou com um especialista no assunto para entender a questão da infraestrutura que vai basear o que promete ser um novo capítulo na história da tecnologia — e da humanidade.
Sputnik
Neste último fim de semana, usuários com smartphones compatíveis com a nova rede em Brasília já estavam detectando o sinal, que promete alta velocidade de navegação em relação à rede antecessora, o 4G.
Segundo o site TechTudo, testes feitos apontaram que o sinal teve maior velocidade no domingo (3), com velocidade de download beirando os 950 megabits por segundo (Mbps).
Um pequeno passo, mas o primeiro da miríade de reflexos que a tecnologia 5G deve ter não apenas no Brasil, mas em todo o planeta.
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Tal como o acesso à Internet, que começou em 1996 no Brasil, e com o lançamento do primeiro iPhone para redes 3G, em 2007, a nova rede promete ser um divisor de águas na relação entre tecnologia e humanidade, segundo avalia Fernando Moulin, especialista em transformação digital e sócio da consultoria de negócios Sponsorb.
Ele mencionou que na semana passada, segundo dados do relatório Ericsson Mobility Report, o 5G chegou a 700 milhões de usuários no mundo. Ainda neste ano, o número de adeptos deve fechar acima de 1 bilhão.
De acordo com Moulin, a nova rede é mais um capítulo do desenvolvimento tecnológico. Ou seja, as transformações que o 5G vai proporcionar, muitas delas ainda intangíveis, são irreversíveis.
Em seu prognóstico, apesar da demora de dois anos para o Brasil homologar o marco regulatório do 5G, o cronograma do edital deve ser cumprido e até mesmo antecipado pelas operadoras habilitadas no Brasil — Claro, Vivo e TIM.

"De maneira geral, a América Latina está regionalmente atrasada. Há países que sequer começaram [o processo de implementação]. A Colômbia sequer tem marco regulatório do 5G", apontou.

O edital da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) prevê que até 29 de setembro todas as capitais do país devem ter o 5G implementado.
Leilão do 5G realizado em Brasília no dia 4 de novembro de 2021
Moulin, que liderou o setor de inovação digital da Vivo por mais de seis anos, afirma que isso vai ser cumprido pelas operadoras.
Ele lembra, contudo, que a implementação completa do 5G no Brasil é de longo prazo, uma vez que se estende até 2029.
Por outro lado, as operadoras (que vêm investindo bilhões de reais para criar infraestrutura e capilarizar a nova rede) devem cumprir a meta antes do que foi estabelecido pela agência reguladora federal. O lançamento da próxima quarta-feira (6), portanto, é mais simbólico do que prático.

"Há dois fatores que dificultam a adesão ao 5G no Brasil. O primeiro é que o aparelho deve ser homologado pela Anatel e ser colocado na faixa de frequência determinada, o que as fabricantes costumam fazer. A própria Samsung já tem 23 aparelhos com 5G no Brasil. A questão é que tivemos um salto no dólar, o que já acrescentou 60% ao valor de um smartphone. O segundo aspecto é a elevada inflação a nível global. Ainda assim, eu antevejo que as operadoras devem facilitar os acessos e os preços porque têm interesse em rentabilizar, já que estão investindo bilhões de reais. Outro dado importante é que não só executivos estão mais conscientes, mas cada vez mais cientes de que as pessoas usam muitos dados. Conectividade é um direito essencial", explicou o especialista.

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Os impactos serão sentidos a partir da massificação do uso da tecnologia, disse ele, rememorando quando a Apple lançou o seu primeiro iPhone: já havia outros smartphones no mercado, mas a adesão ainda era baixa.

"Toda nova tecnologia é intangível. A diferença veio com a loja de aplicativos [da Apple], com funcionalidades muito boas. Rapidamente o smartphone se implantou. Se você começa a ter soluções de entretenimento, educação, comunicação, há adesão e o mercado como um todo se desenvolve com rapidez", acrescentou.

Quanto às possibilidades de interferências e de baixa conectividade em outras regiões do Distrito Federal, Moulin disse que é algo normal não apenas no Brasil como também no restante do mundo, ainda que haja 100% de cobertura no território nacional.
Mas quais mudanças já poderão ser observadas nesse primeiro momento? Na visão dele, haverá soluções muito inteligentes.
O consultor citou o exemplo da área de telemedicina, que vai oferecer atendimentos mais minuciosos em tempo real com os médicos mais renomados do país à distância.

"Há uma infinidade de soluções ligadas à toda indústria do varejo, da realidade virtual, da realidade aumentada. Será possível simular uma compra e interagir em tempo real com um avatar de vendedora. As pessoas vão se acostumar, assim como se acostumaram ao WhatsApp. Estar numa casa onde há 5G é ter todos os dispositivos conectados nas redes. O 5G permite por volta de cem aparelhos conectados. As casas serão inteligentes, desde a ligação do interruptor de luz até a geladeira. Hotéis terão robôs que vão atender o bar e memorizar o drinque favorito do cliente, a hora que costuma beber, para que isso seja oferecido em uma próxima hospedagem", vaticinou.

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No estágio inicial, o 5G vai atrair os mais fascinados pelas novas tecnologias, o mercado de empresas que negociam com empresas e o agronegócio brasileiro, até chegar à população em geral.
"Há uma frase que acho muito boa, e que não é minha: 'Quando você se conectou, o mundo mudou. Quando tudo se conecta, o mundo muda'. Essa é uma síntese do 5G. As pessoas não devem subestimar a transformação que está por vir — talvez uma das mais profundas da nossa existência."
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