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Exército de robôs: qual o limite para uso de IA nas forças armadas?

© AP Photo / Seth WenigEmpresa de tecnologia em lançamento de produtos alimentados por inteligência artificial para uso em computadores e aplicativos. Nova York, EUA, 14 de dezembro de 2023
Empresa de tecnologia em lançamento de produtos alimentados por inteligência artificial para uso em computadores e aplicativos. Nova York, EUA, 14 de dezembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 10.04.2024
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Reduzir o número de combatentes e automatizar os processos. Esse é o objetivo que surge por trás das iniciativas do uso de inteligência artificial mundo afora, segundo especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil.
Recentemente, uma tecnologia de inteligência artificial criada pela China, a AlphaWar, passou no teste de Alan Turing — teste esse que valida o manuseio do aparelho. Consiste em uma pessoa ter um diálogo via texto com outra pessoa e um computador e ter que determinar com quem está falando.
Essa ferramenta é utilizada pelo Exército israelense, de acordo com uma investigação proposta pelas mídias +972 Magazine e Local Call. No texto, inclusive, funcionários das Forças Armadas de Israel revelam aos veículos de comunicação que a revisão dos alvos sugeridos pela tecnologia é "superficial".
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Redução de contingente

Segundo Francisco Novellino, capitão de mar e guerra reformado e mestre em ciências navais com especialidade em poder naval e ênfase em submarinos, política e estratégia de defesa, o que há por trás do movimento da inteligência artificial — seja no Brasil ou mundo afora — é "reduzir o contingente" militar.

"Reduzir o número de combatentes e automatizar os processos. Processos que hoje envolvem, mesmo sem muito risco de vida, […] avaliação humana", pontua o militar em entrevista à Sputnik Brasil.

Esse movimento, conforme ressalta Novellino, reduziria o número de tripulações de navios e centros de comando, além de pessoal nas aeronaves.

"Em vez de ter, por exemplo, a necessidade de lançamento de um míssil [por um combatente], ou de uma aeronave tripulada, ou mesmo de um veículo […] de combate tripulado, um tanque armado, [com] um agente lá dentro, […] essas pessoas todas podem morrer no ar, na terra ou no mar. E cada vez que morre muita gente, é um custo político para o governante. Então o sonho dourado de qualquer governante é ganhar a guerra sem morrer gente", sublinha.

Exército robótico

Todo brasileiro, quando criança, já deve ter ouvido falar na história do exército de robôs — o filme "Pequenos guerreiros", por exemplo, é um bom caso para observar. Nele, o funcionamento "automático" dos brinquedos, simulando um exército autônomo, dá uma certa base para essa ideia.
O capitão de mar e guerra reformado pondera que não existe mágica na automatização de alguns trabalhos, podendo inclusive acarretar problemas futuros.

"Existe um risco muito grande da máquina [errar]. A máquina não tem emoções, percepções, sentimentos. Ela [a máquina] vai tomar a decisão com base nas informações que ela tem", frisa.

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Ele questiona: "Essa máquina foi ensinada corretamente?". Afinal tecnologias não têm emoções.

"Ela recebeu as informações realmente necessárias, pertinentes? Outra coisa, se começar a morrer gente inocente, eles vão tirar as máquinas todas de repente, vão voltar a usar homens na guerra, homens e mulheres?", indaga o profissional.

Um olhar estratégico

De acordo com o tenente-coronel Edwardo Coelho de Oliveira, mestre em ciências militares e membro do 7º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC), de Olinda (PE), embora não haja conhecimento de um projeto específico de IA no Brasil, existem sistemas de monitoramento e vigilância em operação, como o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) e o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), dedicados à segurança das fronteiras terrestres e marítimas, respectivamente.
Também em declarações à Sputnik Brasil, o militar afirma que o Sisfron e o SisGAAz são vitais para identificar potenciais ameaças por meio de sensores que monitoram atividades suspeitas nas fronteiras e na Amazônia Azul, plataforma continental brasileira.
O oficial destacou a importância da análise de alvos, um processo importado dos Estados Unidos com base no conceito D3A (adaptado pelo Brasil como Detecção, Discriminação, Decisão e Destruição). A inteligência artificial desempenha um papel crucial na identificação e análise de alvos inimigos, fornecendo informações vitais, como localização, tipo e ameaça potencial.

"Sobre a análise de alvos, o Brasil importa dos Estados Unidos a ideia de D3A. Começa com […] 'Detecção'. Que a inteligência artificial seria conforme o uso da inteligência artificial israelense, ou seja, para identificação e análise de alvos. O que seria identificação? Seria saber de onde vem, onde está um alvo no campo de batalha, um alvo inimigo; qual o seu valor, ou seja, qual é o efetivo presente; qual o tipo de alvo, se é blindado, se é meio humano, se é uma antena, e por aí vai", explica o militar.

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Uso consciente

Quanto aos impactos da implementação da IA em forças armadas, o tenente-coronel Oliveira enfatizou a necessidade de um "uso controlado da tecnologia". Ele acredita que, se bem gerenciada, a IA pode trazer benefícios significativos, mas alerta para os riscos de um possível descontrole.
Destaca também a questão da responsabilidade pela decisão de atacar um alvo, avaliando que "essa análise deve ser realizada no mais alto nível político e estratégico, considerando o fator humano e a necessidade de uma abordagem estatística combinada com o discernimento humano para tomar decisões cruciais em ambientes de guerra".
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