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Verificação de fatos: quem atacou usina hidrelétrica de Kakhovka?

© AP PhotoTropas russas patrulham uma área na usina hidrelétrica de Kakhovka, uma usina a fio d'água no rio Dnieper, na região de Kherson, sul da Ucrânia
Tropas russas patrulham uma área na usina hidrelétrica de Kakhovka, uma usina a fio d'água no rio Dnieper, na região de Kherson, sul da Ucrânia - Sputnik Brasil, 1920, 06.06.2023
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Na manhã desta terça-feira (6), a barragem da hidrelétrica de Kakhovka, na região russa de Kherson, no rio Dniepre, sofreu danos significativos. A destruição total da barragem poderia resultar em uma devastadora inundação, e potencialmente mataria milhares de civis.
A mídia ocidental rapidamente culpou Moscou pelo ataque. Mas essa alegação faz sentido? A Sputnik explora.
A usina hidrelétrica de Kakhovka tornou-se a mais recente peça de infraestrutura civil a ser destruída na guerra por procuração em curso da OTAN contra a Rússia na Ucrânia. Situada na região de Kherson ao longo do rio Dniepre, a usina foi construída em 1956 na cidade de Novaya Kakhovka.
Este reservatório alimenta as regiões de Kherson, Zaporozhie e Dnepropetrovsk, regulando o fluxo de água ao longo do Dniepre, prevenindo inundações e fornecendo água doce para os canais do Norte da Crimeia, Kakhovka e Dniepre-Krivoi Rog.
Além disso, alimenta minas, fábricas e povoados locais, fornece água para a agricultura e, crucialmente, garante o fornecimento de água usada para o resfriamento da usina nuclear de Zaporozhie.

15 meses de avisos russos

As forças russas estabeleceram o controle sobre a usina hidrelétrica de Kakhovka no dia em que Moscou lançou sua operação militar especial na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, sinalizando sua importância estratégica.
As forças ucranianas começaram a bombardear quase imediatamente áreas ao redor da usina e sua barragem usando artilharia de longo alcance e mísseis táticos, incluindo Tochka-U e Himars. As forças ucranianas também realizaram bombardeios contra a cidade de Novaya Kakhovka, matando e ferindo dezenas de moradores locais.
Em agosto passado, o vice-diretor da usina de Kakhovka para a reconstrução soou o alarme sobre a ameaça que a destruição da barragem representaria para a usina nuclear de Zaporozhie, dizendo que "problemas com a barragem na usina hidrelétrica de Kakhovka" poderiam "levar a um desastre nuclear" na usina nuclear. Isso ocorre porque as instalações da usina requerem um fornecimento constante de água fria para evitar derretimentos e contaminação radioativa.
Resultado dos disparos na usina nuclear de Zaporozhie - Sputnik Brasil, 1920, 05.06.2023
Operação militar especial russa
AIEA relatará sobre conformidade de segurança na usina nuclear de Zaporozhie
A Rússia atuou para evacuar civis e tropas da margem direita do rio Dniepre em outubro passado, em parte devido a preocupações sobre a potencial destruição pelas forças ucranianas da hidrelétrica de Kakhovka.
No mesmo mês, a Rússia distribuiu uma carta ao Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação em torno da usina, com o representante permanente russo Vasily Nebenzya acusando Kiev de uma "provocação monstruosa" envolvendo o bombardeio de Novaya Kakhovka usando até 120 mísseis e projéteis diariamente durante um período de cinco meses.

Mídia ocidental se apressa a julgar

As advertências de Nebenzya foram ignoradas e, sete meses depois, as coisas aconteceram. No entanto, em vez de recordar ou prestar atenção às preocupações de Moscou, a maioria dos meios de comunicação ocidentais, como esperado, se apressou a culpar a Rússia por este último ato de terrorismo contra a infraestrutura civil.
"A maior usina nuclear da Europa está em risco sendo os russos acusados de bombardear uma barragem", escreveu uma importante agência britânica. "'Catástrofe' é temida enquanto uma grande barragem é explodida perto de Kherson: Ucrânia culpa a Rússia enquanto a explosão causa uma brecha maciça, provocando inundações e colocando a usina nuclear em risco", opinou outra. "Zelensky condena os 'terroristas' russos após ataque à barragem", disse uma terceira
© SputnikCaptura de tela da opinião do Daily Mail sobre a destruição da barragem da usina hidrelétrica de Kakhovka culpando a Rússia
Captura de tela da opinião do Daily Mail sobre a destruição da barragem da usina hidrelétrica de Kakhovka culpando a Rússia - Sputnik Brasil, 1920, 06.06.2023
Captura de tela da opinião do Daily Mail sobre a destruição da barragem da usina hidrelétrica de Kakhovka culpando a Rússia
A mídia dos EUA mostrou-se igualmente ansiosa para levar água a Kiev e seus patrocinadores da OTAN, com uma grande rede intitulando sua peça sobre a história "Destruição de barragem crítica da Ucrânia é 'ecocídio', diz assessor de Zelensky".
Um tema comum entre a cobertura da maioria dos principais veículos ocidentais tem sido a ânsia de servir como estenógrafos para Zelensky e seus apoiadores estrangeiros, com citações focadas no que as autoridades ucranianas disseram, textos apresentando o refrão desgastado sobre "agressão russa" e autores fingindo ignorância sobre o ano que Moscou passou alertando sobre os ataques da artilharia ucraniana à hidrelétrica.
Foi preciso um tabloide para mostrar um pouco de coragem e apenas uma pitada de integridade jornalística, com o jornal alemão Bild removendo as palavras "Russos explodem" de sua manchete, retitulanda-a simplesmente "Grande barragem destruída na Ucrânia", provocando imediatamente a indignação da mídia ucraniana.
© FotoTweet cheio de raiva sobre a edição pelo Bild de sua manchete sobre o ataque à hidrelétrica de Kakhovka removendo as palavras "Russos explodem"
Tweet cheio de raiva sobre a edição pelo Bild de sua manchete sobre o ataque à hidrelétrica de Kakhovka removendo as palavras Russos explodem - Sputnik Brasil, 1920, 06.06.2023
Tweet cheio de raiva sobre a edição pelo Bild de sua manchete sobre o ataque à hidrelétrica de Kakhovka removendo as palavras "Russos explodem"
Oi, @BILD, isso foram "os russos" que explodiram uma enorme barragem, ou a "enorme barragem explodiu" por conta própria?
A história apresenta os mesmos velhos tropos antirrussos, acreditando apenas no governo e fontes militares ucranianos e não citando uma única fonte russa. Mas pelo menos a manchete não é mais apenas propaganda descarada.
Usando a lógica dos meios de comunicação tradicionais, é totalmente racional para a Rússia destruir preventivamente sua própria infraestrutura multibilionária, forçar a evacuação de povoados próximos, ameaçar o fornecimento de água potável da Crimeia (que a península restaurou somente no ano passado após um extenuante bloqueio de água de oito anos por Kiev) e potencialmente ameaçar os sistemas críticos de resfriamento da usina nuclear de Zaporozhie.
O tom usado nas reportagens ocidentais, talvez inevitável devido à guerra por procuração da OTAN com a Rússia, é assustadoramente reminiscente das opiniões da mídia ocidental sobre duas outras grandes campanhas de sabotagem: o bombardeio da usina de Zaporozhie e o ataque do ano passado à rede de gasodutos Nord Stream (Corrente do Norte).
Nesses casos, também, a linha parcial da mídia tem sido que os russos estão atacando sua própria infraestrutura. Mas todas as vezes, inclusive após o ataque de terça-feira (6) à usina hidrelétrica de Kakhovka, a pergunta-chave que a mídia falhou em responder é: por quê?
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