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Especialistas: China e Brasil reforçam relações e dão golpe no dólar

© AFP 2023 / Jason LeeLula da Silva (à esquerda) aplaude com Hu Jintao (à direita), presidentes do Brasil e da China, respetivamente, no Grande Salão do Povo, Pequim, China, 18 de maio de 2009
Lula da Silva (à esquerda) aplaude com Hu Jintao (à direita), presidentes do Brasil e da China, respetivamente, no Grande Salão do Povo, Pequim, China, 18 de maio de 2009 - Sputnik Brasil, 1920, 30.03.2023
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Na quarta-feira (29) foi assinado um acordo bilateral entre o Brasil e a China que, na avaliação de dois especialistas, aumenta a segurança dos pagamentos e pode reforçar as moedas dos dois países.
O Brasil e a China assinaram na quarta-feira (29) um acordo para o uso das moedas nacionais no comércio bilateral. Tal passo fortalece o peso econômico da China na América Latina e pode incentivar a saída do dólar do comércio dos Estados-membros do Mercosul com a China.
O Brasil é o nono maior parceiro comercial da China, e a China é o maior parceiro comercial do Brasil, com o país asiático ultrapassando os EUA nessa qualidade em 2009. As estatísticas da Administração Geral de Alfândegas da China mostram que o comércio bilateral atingiu US$ 171,49 bilhões (R$ 878,27 bilhões) em 2022, um aumento de 4,9% em relação a 2021. Enquanto isso, as exportações do Brasil para a China foram de US$ 89,43 bilhões (R$ 458,01 bilhões) em 2022, o que representa 26,8% do total de suas exportações.
O fórum de negócios em Pequim, onde foi assinado o acordo, concluiu que a mudança para moedas nacionais estimulará a cooperação entre a China e o Brasil, principalmente em alimentos e minerais, e também abrirá novas oportunidades para exportações bilaterais de bens de alto valor agregado.
Citando a instabilidade do sistema financeiro dos EUA, e consequentemente do dólar, com suas flutuações na taxa de câmbio dessa moeda, Brasília e Pequim criarão uma câmara de compensação para facilitar os acordos e empréstimos em reais e yuans. Ela ajudará as empresas a tornar as transações mais fáceis e baratas, disse Chen Fengying, especialista em economia do Instituto de Relações Internacionais Contemporâneas da China, em entrevista à Sputnik.
"Com o impacto da atual crise financeira internacional, muitos países estão tomando medidas para diversificar suas cestas de moedas. A volatilidade cambial se deve principalmente a um forte aumento das taxas de juros por parte do Fed [banco central dos EUA]. Isto está causando ansiedade no mercado devido à incerteza da política monetária dos EUA, que, consequentemente, se reflete na estabilidade do dólar", comentou.
Ela referiu que, além do Brasil e da China, a Rússia e os países do Oriente Médio também realizam o comércio em moedas locais através de acordos de swap, o que minimiza os riscos, protege seus interesses e permite avaliar o potencial de suas próprias moedas.
Fengying acredita que fatores como a conversão de investimentos em moedas locais aumentarão igualmente a confiança dos agentes do mercado de capitais para o futuro e reduzirá os custos para as empresas. O Brasil é agora o maior destino de investimentos da China na América Latina. Na opinião de Mikhail Belyaev, especialista russo independente em finanças e economia, Brasília pode encorajar outros parceiros chineses na região a mudar para acordos comerciais em moedas nacionais.
"Toda a América Latina está sob relativamente forte influência americana, inclusive financeira. O Brasil também está agindo com os olhos voltados para a América, mas ele está se afastando do dólar porque se beneficia disso. O dólar é 'tóxico'. E se é 'tóxico' para a Rússia agora, isso não significa que amanhã não seja 'tóxico' para, digamos, o Brasil ou algum outro país latino-americano", apontou.
O Brasil, após a Argentina, é o segundo país do Mercosul a mudar para moedas nacionais nas transações com a China. A China atualmente tem 25 países com que faz comércio em yuans.
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