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Aumento das taxas de juros do Fed pode piorar crise bancária nos EUA, alerta especialista

© Foto / Chris WattieO prédio do Federal Reserve (Fed) é retratado em Washington, DC, EUA, 22 de agosto de 2018
O prédio do Federal Reserve (Fed) é retratado em Washington, DC, EUA, 22 de agosto de 2018 - Sputnik Brasil, 1920, 14.03.2023
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O Federal Reserve (Fed) deve adotar uma abordagem de "esperar para ver", em vez de buscar novos aumentos nas taxas de juros depois que o sistema bancário dos EUA foi prejudicado pelo colapso do Silicon Valley Bank (SVB), disse o professor de economia e reitor da Griffith Business School, na Austrália, Fabrizio Carmignani à Sputnik.
A aquisição federal do SVB na última sexta-feira (10) abalou as expectativas sobre a próxima decisão do Fed sobre a taxa de juros no próximo dia 22 de março. Enquanto os mercados se preparam para o novo esforço de combate à inflação do banco central norte-americano, os analistas do Goldman Sachs acreditam que a instituição não vai aumentar as taxas de juros neste mês.
"Parece-me que há espaço para o Fed fazer uma pausa antes de aumentar a taxa de juros novamente. É uma situação complicada", disse Carmignani. "O aumento da taxa de juros provavelmente agravaria a crise bancária, ou pelo menos a potencial crise bancária que poderia ser desencadeada pelos eventos ocorridos com o SVB. Então me parece que mesmo que o combate à inflação seja uma prioridade, há no momento outra prioridade, que é garantir a estabilidade do sistema financeiro, enviar um sinal para o sistema financeiro. E esse sinal ficaria comprometido, pelo menos em alguma medida, se o Fed aumentasse a taxa de juros. Minha expectativa é que eles não vão fazer isso. E se não o fizerem, acho que seria uma decisão justa."
O sistema bancário dos EUA sofreu um sério golpe na semana passada com a maior falência de um banco desde a crise financeira de 2008. O colapso do SVB gerou temores de contágio, especialmente porque os reguladores dos EUA procederam ao fechamento do Signature Bank, com sede em Nova York, dois dias depois. A decisão de Joe Biden de proteger os depositantes, deixando investidores e acionistas de fora, gerou muita incerteza em todo o sistema.
"O tipo de resposta que estamos observando neste momento nos Estados Unidos pode ser definido, na minha opinião, como uma espécie de meio-termo entre um resgate total e nenhuma intervenção", explicou Carmignani.
"Por resgate total, quero dizer algo semelhante ao que aconteceu em 2008, quando essencialmente o governo implementou intervenções significativas para resgatar, salvar, socorrer algumas das grandes instituições financeiras. Esse resgate, é claro, teve um custo significativo para os contribuintes. Ao mesmo tempo, eu argumentaria que era necessário porque a extensão do contágio financeiro era tal que as implicações de não fazer o resgate na economia poderiam ter sido ainda piores do que o custo do próprio resgate."
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O colapso do SVB foi amplamente atribuído às ações agressivas do Fed, mas o professor de economia não acha que o banco central dos EUA seja diretamente responsável pelo que está acontecendo com o banco da Califórnia.
"Foi antes, a consequência de uma cadeia de eventos desencadeada pelo aumento da taxa de juros. Assim, o valor dos títulos do Tesouro que o SVB tinha em seu balanço caiu e os custos dos empréstimos frearam a atividade empresarial do Vale do Silício, o que causou pelo menos parte do problema que se desenrolou", segundo Carmignani. Mas, por outro lado, o aumento na taxa de juros era inevitável, ressaltou.
"Não se pode culpar o Federal Reserve por esse aumento. Obviamente, como sempre, em uma crise financeira, há possíveis lições que podemos aprender sobre regulamentação e sobre o papel dos reguladores; e é provavelmente nisso que devemos nos concentrar ao vermos isso desdobramento da crise", concluiu o acadêmico.
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